Notícia
Importação de crude russo pela UE continua a cair mas stocks de emergência estão a aumentar
Portugal está entre os Estados-membros com stocks de emergência acima do nível mínimo exigido.
O total de crude e de produtos petrolíferos importados da Rússia pela União Europeia continua a cair desde que foi imposto um embargo comunitário devido à invasão da Ucrânia pelos russos, a 24 de fevereiro do ano passado. Segundo os dados do gabinete europeu de estatística – Eurostat – divulgados nesta segunda-feira, essas importações já estavam, em março, nos 1,4 milhões de toneladas, quando o número médio mensal entre 2019 e 2022 era de 15, milhões. A queda está já assim nos 90% quando comparadas as importações com a média daqueles três anos.
Recorde-se que o embargo da União Europeia à importação de crude russo via marítima entrou em vigor no passado dua 5 de dezembro. Uma vez que a maior parte do petróleo russo fornecido à UE chega por via marítima, estas restrições abrangeram quase 90% das importações europeias de petróleo russo. Nesse mesmo dia entrou também em vigor o limite de 60 dólares por barril como valor máximo a pagar pelo petróleo russo importado. Mais tarde, a 5 de fevereiro, a UE cortou ainda mais a sua dependência do "ouro negro" russo, ao cortar nas importações dos produtos refinados de petróleo oriundos daquele país.
A Rússia era uma importante fonte de fornecimento de petróleo da UE, mas a sua ofensiva na Ucrânia levou a Comissão Europeia a decretar aquelas proibições em junho passado, no âmbito do seu sexto pacote de sanções a Moscovo – que entraram depois em vigor em dezembro de 2022 e em fevereiro deste ano.
A União Europeia começou a importar crude de outras origens já antes de os embargos terem entrado em vigor, tendo depois acelerado essa transição, sublinha o Eurostat. Em janeiro do ano passado (antes do início da guerra) as importações de crude proveniente da Rússia ascenderam a 12,4 milhões de toneladas – e em dezembro tinham já sido reduzidas para 3,7 milhões, o que correspondeu a uma queda de 70%. Em março deste ano, só as importações de crude estavam já em 1,17 milhões de toneladas (menos 91%).
Enquanto isso, a importação de produtos petrolíferos desceu de 3,3 milhões de toneladas em janeiro de 2022 para 0,7 milhões em fevereiro de 2023 (menos 80%) – aquando da entrada em vigor do segundo embargo – e para 0,3 milhões em março (uma queda de 92%).
O total das importações de crude e de produtos refinados provenientes de Moscovo só não é de zero devido a algumas exceções delineadas nos embargos – que permitem que alguns países continuem a comprar (mas de forma limitada e com condições específicas) à Rússia.
"Está prevista uma exceção temporária para as importações de petróleo bruto transportado via oleoduto nos Estados-membros da UE que, devido à sua situação geográfica, sofrem de uma dependência específica do aprovisionamento russo e não têm opções alternativas viáveis. Além disso, a Bulgária e a Croácia beneficiarão especificamente de derrogações temporárias no que diz respeito à importação, respetivamente, de petróleo bruto transportado por via marítima e de gasóleo de vácuo provenientes da Rússia", explicou então o Conselho da União Europeia.
Libertação de reservas
A guerra da Rússia na Ucrânia gerou grande turbulência no setor petrolífero, levando à decisão de se proceder à libertações de stocks de emergência dos países – em março e abril de 2022, recorda o Eurostat. A medida visou estabilizar o mercado e foi coordenada com a Agência Internacional da Energia (AIE), com o apoio da União Europeia.
"Vários países da UE participaram nestas ações conjuntas, recorrendo a parte dos excedentes das suas reservas de emergência, ao passo que outros ficaram com os seus stocks abaixo dos níveis mínimos exigidos pela União Europeia", aponta o gabinete europeu de estatística.
Em 2022, acrescenta o Eurostat, a Comissão Europeia avaliou a situação nos mercados nacionais e internacionais e aconselhou os seus Estados-membros a reconstituírem os seus stocks de petróleo até aos níveis mínimos exigidos – num prazo até 31 de março de 2023.
Em julho de 2022, 10 países da UE tinham os seus stocksa abaixo dos níveis mínimos: Bulgária, República Checa, Irlanda, Croácia, Itália, Letónia, Lituânia, Hungria, Áustia e Roménia. Entretanto, o cenário melhorou e em março deste ano apenas a Bulgária, República Checa, Irlanda, Letónia e Lituânia continuavam com as reservas de emergência em patamares inferiores ao exigido – e três deles estavam perto de conseguirem reconstituir plenamente os seus stocks petrolíferos.
(notícia atualizada às 18:16)