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Angola acumula milhões de barris de petróleo à espera de serem vendidos
Os operadores petrolíferos estão com dificuldades em vender crude da África Ocidental, numa altura em que o coronavírus está a reduzir a procura por parte da China e em que os refinadores europeus hesitam em comprar devido às margens fracas.
Cerca de 70% dos carregamentos de abril de Angola e da Nigéria estão ainda à espera de encontrar compradores, naquela que é uma acentuada redução face ao ritmo normal de vendas. Os lotes por vender estarão a competir com os milhões de barris que estavam programados para exportação este mês mas que têm ainda de ser comprados.
As distâncias envolvidas no transporte de crude da África Ocidental para a Ásia significam ser muito provável que os barris exportados em abril só cheguem à China em maio ou em inícios de junho. Isso significa que os operadores têm de avaliar com meses de antecipação qual será o volume da procura chinesa. Existem alguns sinais de que a economia chinesa está a retomar, mas a atividade continua estagnada.
A procura de crude para ser embarcado e transportado para a China caiu drasticamente nas últimas semanas devido ao coronavírus. Os fluxos oriundos da África Ocidental deverão diminuir em cerca de um terço este mês, segundo operadores daquela região.
A acrescer a tudo isto, as débeis margens de refinação de petróleo estão a contrair as compras.
A maior parte do programa de exportações de abril da Nigéria está por vender, ao passo que cerca de metade dos envios planeados por Angola para o próximo mês estão ainda à espera de compradores, referem dois operadores especializados neste tipo de crude do Ocidente de África. Segundo as suas estimativas, o correspondente a 55 cargueiros nigerianos e 18 angolanos ainda não têm comprador.
A Nigéria e Angola têm prevista a venda de quase 100 cargueiros de crude no próximo mês, o que significa que a taxa de consignações por despachar é de cerca de 70%. Por esta altura, num ciclo de comercialização normal, 50% do petróleo já deveria ter sido vendido.
A desaceleração das vendas para abril está a juntar-se ao crude por vender em março. Os operadores projetam que cerca de 17% dos volumes de março para a Nigéria e Angola estão ainda por comprar, a par com alguns envios por parte de produtores mais pequenos – como é o caso da República do Congo, Gabão e Chade.