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"Manutenção do Estado como acionista é altamente limitador para a TAP"

Gonçalo Moura Martins e António Ramalho defendem uma venda da TAP "tendencialmente integral" e apontam os pontos fortes e fracos dos três gigantes da aviação que se perfilam como compradores. Novo episódio do podcast Partida de Xadrez vai para o ar esta segunda-feira.

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"Uma solução em que o Estado não abdique da maioria vai continuar a ter grandes limitações para TAP, vai desvalorizá-la e diminuir o interesse de outras companhias", avisa Gonçalo Moura Martins no 24.º episódio do podcast Partida de Xadrez, que vai para o ar esta segunda-feira no site do Negócios e nas principais plataformas.

"Nunca acreditei nessa coisa de gerir uma empresa a meias, porque meias só nos pés", ironiza o gestor, para quem "uma verdadeira privatização é entregar o poder a um novo acionista, que saiba do negócio e garanta o que o Estado quer garantir", como seja a sede e o hub em Lisboa ou as rotas estratégicas para o Brasil e América do Norte.  "A solução de manutenção do Estado como acionista é altamente limitador para a companhia", diz.

Como Gonçalo Moura Martins, também António Ramalho considera que este é o momento para levar a cabo a privatização da TAP, tendo em conta o processo de consolidação em curso a nível europeu. 

Em seu entender, a história da privatização da TAP "demonstra falta de estabilidade do acionista", razão pela qual "não abona nada em preservar a empresa nas mãos do Estado numa altura em que o mercado se consolida". Mas "se há alguma coisa a dar prioridade são as questões estratégicas e não o encaixe", defende.

Moura Martins considera que única razão para que o Estado decida ficar com 20% ou 25% da transportadora "é para ter a perspetiva de continuar a receber no futuro aquilo que lá pôs". Já António Ramalho sublinha que "faz todo o sentido que a privatização seja integral ou tendencialmente integral", mas aponta uma terceira opção que é "participar no processo de consolidação". Ou seja, que a integração da TAP num grande grupo pudesse dar ao Estado uma participação nesse grande grupo, ainda que mantendo a marca, o hub, as rotas e a sede em Portugal.

Se aos dois gestores parece claro que a TAP irá para as mãos de um dos três gigantes da aviação que já manifestaram publicamente interesse na privatização, salientam as suas características diferentes.

A Lufthansa, diz Moura Martins, "é uma empresa de mercado, não tem interferência estatal e é a que, das três, tem o balanço mais robusto", acrescentando António Ramalho que "é aquela que assegura aparentemente a melhor preservação das marcas" que tem adquirido.

Por seu lado, a Air France-KLM "tem uma gestão mais política, pela presença acionista de dois Estados", mas tem "um balanço altamente endividado e capitais próprios negativos", faz notar Moura Martins. 

Já quanto ao grupo IAG, António Ramalho realça o seu "‘market cap’, que lhe daria mais facilidade nessa absorção", ainda que para Moura Martins apresente "capitais próprios relativamente baixos para o nível de atividade que tem".

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