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Rally nos metais à boleia da recuperação da economia global
Os metais beneficiam com o anúncio de programas de recuperação mais verdes pelas maiores economias do mundo após o choque do coronavírus. O cobre subiu para a cotação mais alta em quase uma década e o preço do alumínio também disparou.
O cobre subiu para a cotação mais alta em quase uma década devido à recuperação global do impacto da pandemia, que dá fôlego ao rally nos mercados de metais.
O preço do alumínio também disparou, enquanto o minério de ferro atingiu um novo máximo, e as commodities avançam em direção aos recordes do último superciclo. Os metais beneficiam com o anúncio de programas de recuperação mais verdes pelas maiores economias do mundo após o choque do coronavírus.
A recuperação dos EUA está a acelerar, e o plano de infraestruturas de 2,25 biliões de dólares anunciado pelo presidente Joe Biden foca em setores como carros elétricos, o que gera mais ganhos em commodities essenciais para a transição de energia verde. Além disso, o boom da economia chinesa continua e a iniciativa do país de reduzir emissões traduz-se numa redução da oferta de alguns metais numa altura em que a procura está a crescer.
"A procura global está a recuperar, liderada pela China, enquanto a transição verde reforça ainda mais a confiança", disse por telefone Zhu Yi, analista da Bloomberg Intelligence. "Em suma, a procura permanecerá resiliente, enquanto a oferta não se vai expandir, por isso o impulso seguirá em frente."
O cobre - visto como termómetro da economia global - chegou a subir 2,1%, para 9.750 dólares por tonelada em Londres, o nível mais elevado desde 2011. O minério de ferro em Singapura avançou para a maior cotação desde que os contratos foram lançados em 2013, enquanto os futuros do aço chinês atingiram novos recordes.
Oferta apertada
O papel integral do cobre em tudo, desde fiação elétrica a motores, gera expectativas de mais ganhos à medida que países implementam metas climáticas mais ambiciosas. O Goldman Sachs e a trading Trafigura projetam que o metal vai superar o recorde de 2011, de 10.190 dólares, e ultrapassar 15.000 dólares na próxima década, à medida que a procura supera a oferta.
"O cobre dificilmente poderia atingir o pico e recuar com este cenário", disse Harry Jiang, responsável de trading e pesquisa da Yonggang Resources. O aperto nos mercados fora da China pode causar redução da oferta, o que compensará a atual fraqueza na procura chinesa, disse.
Ainda assim, aumentam os riscos para o rally industrial no curto prazo. O aumento dos casos de coronavírus e novas variantes ameaçam dificultar os planos de reabertura em alguns países, como a Índia, enquanto os investidores estão preocupados com uma possível desaceleração do estímulo chinês. Xiao Fu, chefe de estratégia de commodities da BOCI Global Commodities, diz que há risco dos preços dos metais industriais subirem além dos fundamentais.
"Não estou no campo do cobre em 15.000 dólares. Haverá alguns estabilizadores automáticos antes de nos aproximarmos desses níveis e certo ajuste da procura", disse Xiao por telefone de Londres. "E não vamos esquecer: a pandemia não acabou, e os casos ainda estão a aumentar em muitas partes do mundo".
A ameaça da Covid-19 em países da América do Sul pode prejudicar a exportação de commodities industriais importantes, como minério de ferro e cobre, disse Gavin Wendt, analista de recursos da MineLife.
Apesar dos riscos de que o rally possa perder força no curto prazo, os investidores sinalizam apetite por contratos futuros de metais. A quantidade de posições compradas em cobre negociado na Bolsa de Futuros de Xangai (SHFE) ainda não liquidadas atingiu o maior nível em mais de um ano, e as posições em alumínio subiram. Já os gestores de hedge funds elevaram as apostas otimistas no cobre negociado na Comex na semana encerrada em 20 de abril.