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Prata estreia-se com novo método de fixação de preços

O primeiro dia do novo regime de fixação de preços da prata termina com a cotação inalterada face a ontem, naquela que foi a última sessão de um ritual que contava 117 anos.

15 de Agosto de 2014 às 17:49
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Após 117 anos a ver o seu "fixing" estabelecido por três entidades do sector financeiro, a prata inaugurou hoje um novo ciclo. O seu primeiro preço, no novo regime, foi fixado por alguns operadores, "na tentativa de tornar o processo mais transparente", sublinha a Bloomberg.

 

A cotação LBMA para a prata foi assim hoje, pela primeira vez, estabelecida - através de um mecanismo electrónico e baseado em licitações e após quatro rondas de negociações – nos 19,86 dólares por onça (31,1035 gramas) pouco depois do meio-dia, precisamente quando ontem teve lugar o seu último preço fixado "à moda antiga". O preço definido esta sexta-feira ficou inalterado face à véspera.

 

Segundo a Associação Londrina para o Mercado dos Metais Preciosos (LBMA, na sigla em inglês), citada pela Bloomberg, terão participado nas licitações os bancos HSBC, Bank of Nova Scotia e Mitsui & Co.

 

A prata torna-se assim o primeiro dos metais preciosos a deixar de ver o seu preço estabelecido através do chamado "fixing", em que três bancos concordavam numa cotação, através de uma "negociação ao telefone". E o mesmo poderá acontecer ainda este ano ao ouro, à platina e ao paládio.

 

"117 anos depois, o fixing do preço da prata em Londres tem os dias contados", dizia o Financial Times no passado dia 14 de Maio. Com efeito, os três bancos que nos últimos anos definiam a referência mundial para o preço da prata tinham anunciado em meados de Maio que as cotações seriam "fixadas" pela última vez ao meio-dia de 14 de Agosto. Esta decisão surgiu na sequência da monitorização adicional por parte dos reguladores europeus e norte-americanos no estabelecimento do preço dos metais preciosos, depois do escândalo da Libor.

 

Um mês antes, em Abril, o Deutsche Bank abandonou a fixação dos preços da prata e do ouro, depois de não conseguir encontrar compradores para o seu lugar, tendo ficado apenas a HSBC e o Bank of Nova Scotia no fixing da prata. Prosseguir com apenas duas instituições era inviável.

 

O banco alemão tomou a decisão no âmbito da sua estratégia de retirada gradual da actividade nas matérias-primas.

 

Na altura, os três bancos disseram estar em conversações para explorarem até que ponto é que o mercado desejava encontrar uma alternativa a esta referência. Os preços de referência podem provir dos mercados de futuros ou a pronto, podendo o London Metal Exchange – que antes disponibilizava contratos para a prata – entrar também, sublinhava-se em Maio passado.

 

E a alternativa foi encontrada através deste sistema de licitações. A Coeur Mining, maior fabricante de prata nos Estados Unidos, comentou à Bloomberg que este novo método, em substituição de um "há muito desactualizado", aumentará a confiança num "benchmark" que é uma referência para a negociação em bolsa e também para a avaliação do metal precioso físico.

 

O primeiro "fixing" da prata, recorda a Bloomberg, ocorreu em 1897, nas instalações londrinas da Sharps & Wilkins, tendo sido estabelecido pelas instituições Mocatta & Goldsmith, Pixley & Abell e Samuel Montagu & Co. No primeiro século de fixação dos preços deste metal precioso, os "traders" levavam consigo um livro de ordens de compra e venda para uma sala fechada, todos os dias, e demoravam cerca de 10 minutos a definir o preço.

 

A entidade organizadora do novo sistema, a LBMA, espera que ver engrossar nas próximas semanas a lista de bancos, sociedades de corretagem, empresas de refinação e produtores participantes nestas licitações diárias.

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