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Paládio à espera de melhores dias em 2022

O paládio está a ter o pior desempenho de 2021 na classe dos metais preciosos, com uma queda na ordem dos 20%. Mas o próximo ano poderá afigurar-se mais risonho.

O paládio, por estar mais caro, está a perder parte do mercado dos catalisadores automóveis para a platina.
O paládio, por estar mais caro, está a perder parte do mercado dos catalisadores automóveis para a platina. Ilya Naymushin/Reuters
29 de Dezembro de 2021 às 07:00
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A 4 de maio deste ano, o paládio atingia um máximo de 2.984,92 dólares por onça e ganhava 17% desde janeiro, tudo apontando para que 2021 corresse de feição para este metal precioso. Mas não foi o que aconteceu. No acumulado do ano, o metal branco cai 17,75% e negoceia atualmente em torno dos 2.015 dólares, isto depois de no passado dia 15 ter transacionado no valor mais baixo dos últimos 12 meses, nos 1.60157 dólares.

Os principais metais precisos vão encerrar todos com um saldo anual negativo, mas o paládio é o que mais se destaca entre os maus desempenhos. E porquê? Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, explica ao Negócios que o segundo semestre foi muito desafiante para este metal, devido à escassez de chips e ao seu impacto negativo na produção automóvel, tendo por isso acabado por afundar.

Mas, olhando para 2022, “no UBS temos um outlook positivo, pois antecipamos uma retoma na procura com a esperada diminuição dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento automóvel, incluindo a escassez de chips, ao longo do próximo ano”, aponta Staunovo. Além disso, o metal precioso beneficiará da reconstituição de stocks por parte da China, depois de um ano de baixas importações.

“O timing e a dimensão da subida dos preços irão depender sobretudo do ritmo da retoma no fornecimento de chips e da normalização na produção de veículos, dado que o setor automóvel é responsável por cerca de 85% da procura por paládio”, refere o analista do banco suíço, que antecipa uma recuperação dos preços até aos 2.000 dólares por onça, “antes de nivelar em valores um pouco mais abaixo em finais do ano – e provavelmente para lá disso”.

O motivo para não se esperar uma valorização maior está num outro metal precioso, que vai capitalizar o facto de estar mais barato: “O forte desconto da platina em relação ao paládio – que, até 2017, era mais barato do que a platina – deverá sustentar a procura de platina no fabrico de catalisadores automóveis para os veículos a gasolina, em detrimento do paládio”, sublinha Staunovo.

O UBS estima um retoma do preço da platina – atualmente a rondar os 975 dólares por onça – em 2022, para 1.050 dólares no final do primeiro trimestre e 1.100 dólares no fim de junho. Essa valorização virá também da maior procura por este metal por parte da “economia do hidrogénio” e da sua crescente utilização como catalisador nas células de combustível.

O paládio, sublinhe-se, não só está a ter o pior desempenho anual entre os metais preciosos como entre todo o complexo das matérias-primas. Neste caso, só é superado pela perda de 27,95% do minério de ferro, duramente atingido pela crise no mercado imobiliário chinês, onde é usado como elemento estrutural . Já a borracha recua na ordem dos 17,6%. Por comparação, do outro lado da balança está a estonteante escalada de 477% do lítio.

Percurso do paládio é indicador para gás natural

Diz a Bloomberg que a única coisa mais incrível do que uma matéria-prima que dispara devido à menor oferta é a posterior queda quando o mercado se reequilibra. “E essa é uma lição que os operadores de gás natural podem aprender com o mercado do paládio”, adverte a agência, sublinhando que as “personagens” mudam mas que a história é igual.

O paládio, apesar de estar a cair no acumulado deste ano, subiu 848% desde finais de 2008 e registou ganhos anuais de 18% ou mais desde 2016. Agora, 2021 vai interromper esta longa série de subidas, depois de um segundo semestre em que perdeu cerca de 33% devido à sua substituição, na indústria automóvel, por outros metais que cumprem a mesma função de filtragem das emissões poluentes nos motores – caso da platina e do ródio.

Neste paralelismo, a Bloomberg destaca que o gás natural já caiu 37% no mercado britânico desde o seu pico deste ano, em parte devido à menor procura e também em resultado da sua substituição por petróleo – que tem ganho terreno à conta da crise energética – e por outras fontes de energia. “A dinâmica no gás natural é complexa, devido a inúmeros fatores, mas é provável que o âmago da questão seja o mesmo”, remata. A diferença, por enquanto, está mesmo no desempenho, já que o gás natural no Reino Unido sobe 375% no ano.



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