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Recursos naturais, uma história de longo prazo

Em 2008, tanto os metais básicos como as participações nas empresas que os exploram sofreram uma profunda quebra de preços, à medida que o abrandamento económico global surtia o seu efeito sobre a procura, dando origem a uma acumulação...

05 de Agosto de 2009 às 11:15
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Em 2008, tanto os metais básicos como as participações nas empresas que os exploram sofreram uma profunda quebra de preços, à medida que o abrandamento económico global surtia o seu efeito sobre a procura, dando origem a uma acumulação de inventários (quantidade de metais) e colocava uma pressão descendente sobre os preços. Contudo, nos últimos meses, temos assistido a uma acentuada recuperação nos preços de várias mercadorias, espelhando as esperanças de que a recessão não se aprofunde. Estas esperanças têm sido suportadas por dados que sugerem que a deterioração económica, se não estiver próxima do fim, está, pelo menos, a abrandar.

Apesar da forte recuperação nos preços dos metais básicos, acreditamos existir ainda significativo potencial de avanço, tendo em consideração os fortes declínios vividos em 2008. Além disso, a importância da China nesta parte do sector é encorajadora quanto às previsões para os metais básicos.

A China tem sido vista como vital para o cenário a longo prazo das mercadorias e acreditamos que isto não se alterou. De facto, o colapso a curto prazo nos mercados de mercadorias forneceu oportunidades à China. Anteriormente, existiam estrangulamentos nos programas de desenvolvimento de infra-estruturas do país devido à falta de algumas mercadorias, mas o governo chinês tem sido capaz de tirar partido da melhorada disponibilidade de mercadorias, devido à queda na procura pelo resto do mundo, permitindo-lhe acelerar os programas de infra-estruturas. A China tem, igualmente, tirado partido da queda dos preços para começar a acumular reservas e está a importar mais carvão e minério de ferro para substituir a oferta das minas mais pequenas, perigosas e ineficazes que o governo não reabriu.

A quota chinesa de procura de mercadorias aumentou ao longo dos anos e continua a aumentar apesar da crise financeira global. Esta representava 28% da procura de cobre e 52% da procura de minério de ferro em 2008 contra 40% para o cobre e 75% para o minério de ferro até à data em 2009 - o que torna a sua importância para o sector dos recursos naturais a maior de sempre. Por esta razão, tem sido positivo para o sector o facto dos dados económicos chineses terem melhorado significativamente, com a produção industrial a aumentar 20% em termos homólogos em Abril, comparado com um declínio de 2% em Janeiro, e com a actividade de fabrico a expandir-se pelo terceiro mês consecutivo em Maio. A China assistiu também a um crescimento de 10% em termos homólogos na construção, em comparação com um declínio de 30% no resto do mundo.

Também noutros locais, os dados começam a mostrar sinais de uma melhoria. Nos EUA, os dados de fabrico em termos de oferta melhoraram e a confiança do consumidor conforme medida pelo Conference Board alcançou o seu nível mais alto desde Setembro, em Maio, contribuindo para uma esperança de melhorias na despesa. A confiança também melhorou na Europa, enquanto no Japão, a produção industrial registou o maior ganho em termos homólogos mensais desde 1957, em Maio. A produção de aço também parece ter estabilizado, na China e noutras partes, fornecendo o apoio para a procura dos metais básicos.

As reduções em 2008 também proporcionarão um grande apoio para uma eventual recuperação. Por exemplo, os preços do níquel caíram tão baixo no auge da crise que muitos mineiros não conseguiram ter lucro, o que provocou o encerramento de minas. Isto conduzirá a uma escassez quando a procura começar a melhorar no futuro, apoiando os preços. De modo similar, os produtores de petróleo receberam pouco incentivo para investir na procura de fontes de petróleo tais como os campos brasileiros de águas profundas, onde os custos de extracção são mais elevados. Isto poderá significar que haverá pressões sobre a oferta à medida que a procura melhora, fazendo subir os preços.

Também estamos positivos no que se refere às perspectivas para o ouro. O preço do metal amarelo demonstrou ser resistente durante a crise e não alcançou ainda os máximos anteriores. As perspectivas a longo prazo permanecem atractivas: os custos de produção caíram em consequência dos preços do petróleo mais baixos, ao mesmo tempo que a procura de investimento, nomeadamente de fundos transaccionados em bolsa, é forte. Contudo, existem algumas limitações em relação à oferta: a produção está num mínimo de 11 anos e as casas da moeda estão a ficar sem ouro físico. O ouro tem uma correlação historicamente reduzida com outros activos, significando que implica fortes benefícios de diversificação para uma carteira. Os "stocks" de ouro afrouxaram recentemente os aumentos dos preços para o ouro físico, mas tiveram um desempenho historicamente superior, significando que existe potencial de recuperação.

Em suma, o caso do investimento a longo prazo para recursos naturais permanece intacto, com a história das infra-estruturas altamente apoiada a continuar a ser impulsionada pela rápida urbanização.

O ritmo e a extensão da recuperação dos preços foram significativos, e o sector poderia resistir a alguma volatilidade a curto prazo. Contudo, consideramos que qualquer redução nos preços seria uma oportunidade de compra, tendo em conta a tese de investimento a longo prazo para o sector.

Neste trimestre, caso continuem a surgir novas esperanças, prevê-se que os títulos cíclicos (metais básicos e energia) tenham um bom desempenho. Caso se verifiquem mais quaisquer choques económicos ou do sector no curto prazo, isto será positivo para o ouro, e os retornos serão concentrados nessa parte do sector. Por conseguinte, neste clima, mais do que nunca, investir num fundo com uma exposição ampla e diversificada é essencial.


*Director de vendas para Portugal da JPMorgan Asset Management



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