A Televisão Digital Terrestre está no terreno mas, em grande medida, ainda é mais estratégia do que uma alternativa atractiva aos quatro canais analógicos. Saiba quanto custa e o que pode fazer mudar os preços num futuro próximo.

A Televisão Digital Terrestre (TDT) já chegou. Depois de um concurso anulado e um segundo que demorou a sair, no dia marcado para o lançamento do serviço a Portugal Telecom, que será responsável pela oferta de canais gratuitos e canais pagos, superou as suas próprias previsões e das oito a dez localidades onde se propunha ter o serviço a 29 de Abril e acabou por passar para 29 localidades.

No suporte ao lançamento do serviço estão 15 centros de operações espalhados pelo continente e ilhas, um número que até final do ano cresce para que, dos 40% da população agora coberta, seja possível passar para 80%. No final de 2010, a totalidade dos portugueses poderá receber o sinal de televisão que substituirá a TV analógica em toda a Europa, um ano depois, de acordo com o calendário definido para a União Europeia.

Será provavelmente só nesta altura que a Portugal Telecom cumprirá o compromisso de facilitar o acesso das camadas mais desfavorecidas da população ao serviço, subsidiando caixas descodificadoras. Quem pretender aceder ao serviço antes do "adeus" ao sinal analógico, ou quem quiser fazê-lo tirando partido de todas as funcionalidades disponíveis, terá de abrir os cordões à bolsa.

Os descodificadores que serão subsidiados pela operadora terão apenas um conjunto de funcionalidades básicas. Não terão, por exemplo, o disco rígido que permite gravar, fazer pausa ou reiniciar programas, uma funcionalidade que se tem revelado de sucesso nos serviços de digitais suportados em cabo ou IPTV. É provável que a PT entre, antes dessa altura, no negócio das "boxes", como já faz hoje nos serviços de IPTV e satélite. Mas, de acordo com os responsáveis da empresa, não haverá ajudas de custo para as caixas que dão acesso à TDT.

Concorrência precisa-se
Até chegar ao chamado "switch-off" da TV analógica, espera-se que muito mude e que a concorrência torne os preços, quer de televisores, quer de descodificadores, mais acessíveis. Hoje, o cenário é diferente. Ao visitar as principais lojas de electrónica de consumo e observar a oferta das principais marcas, é possível perceber que os modelos descodificadores disponíveis têm preços entre 89 e 169 euros. Previsões da própria PT apontam para que os descodificadores básicos cheguem aos 50 euros antes do "switch-off".

Nos televisores, a oferta é bastante mais variada. Mas a média de preços ainda está em torno de mil euros. É possível encontrar modelos a pouco menos de 400 euros, para quem não tenha grandes exigências em termos de dimensão do ecrã, mas o grosso das ofertas está muito acima deste valor. Mais ou menos acessíveis, a verdade é que quem pretende entrar já na TDT tem à disposição mais de uma centena de modelos compatíveis, somando apenas as ofertas de quatro fabricantes.

Fazer o investimento na nova TV ou num descodificador dá-lhe por agora acesso a quatro canais (RTP, SIC, 2 e TVI), mais um se estiver na Madeira ou nos Açores (RTP Açores ou Madeira). À oferta de sinal aberto juntam-se, no futuro, um canal de alta definição partilhado pelos operadores generalistas de TV e um sexto canal que já esteve a concurso, mas cujas propostas apresentadas acabaram chumbadas pela ERC.

Ainda sem data definitiva para o arranque está a oferta de canais pagos que tornará a TDT mais atractiva e um concorrente com maior peso face às ofertas de IPTV e Cabo disponíveis no mercado e que também representam formas possíveis de passar ao lado do "apagão" da TV analógica.

O que precisa para aceder à TDT Antes de comprar um televisor ou um descodificador aptos para receber a Televisão Digital Terrestre (TDT) deve certificar-se que está perante um equipamento preparado para a tecnologia DVB-T. A norma foi apadrinhada pela Comissão Europeia e, por isso, a maior parte dos produtos à venda nas lojas suportam esta tecnologia. O mesmo não acontece com o formato de compressão de vídeo que varia entre países, acabando por gerar maior diversidade de produtos no mercado. Em Portugal, a escolha recaiu sobre o formato MPEG4/H.264. Certifique-se que encontra esta combinação no modelo pretendido, de outra forma não conseguirá receber o serviço. Uma nota importante: o suporte para o formato MPEG2 não serve. Adquirido o equipamento, basta fazer a sintonia, manual ou automática, do canal 67 na banda UHF se estiver no continente ou na Madeira. Para aceder ao serviço nos Açores, o canal a sintonizar depende da ilha em que se encontra. Na página de Internet da TDT encontra informação detalhada sobre o tema e sobre a forma como deve ligar entre si os vários equipamentos que o vão levar à TDT. Em breve, o "site" também dará acesso à listagem de equipamentos certificados com o símbolo criado para identificar os produtos compatíveis, uma iniciativa lançada recentemente. A morada é: http://tdt.telecom.pt/

O que têm para oferecer as principais marcas do mercado

A maior variedade de ofertas para a televisão digital terrestre está concentrada nos televisores com as principais fabricantes a comercializarem dezenas de modelos, embora também já existam ofertas a pensar em quem não quer desfazer-se da TV antiga ou pretende aceder ao serviço através do computador. Conheça algumas propostas.




Plasma LG PS8000
Características Full HD 1080p; transmissão de imagens a 600 Hz e um rácio de contraste dinâmico de 2.000.000:1. Ecrã de 50 polegadas.
Preço 1.799,99 euros

O plasma PS8000 é a proposta mais recente da LG com suporte para a TDT. Está longe de ser uma opção barata na gama de produtos da fabricante, o que se justifica pelas dimensões (50 ou 60 polegadas de ecrã), novo "design" da moldura de ecrã, em placa de vidro, e tecnologias de poupança energética. Importa referir que a fabricante disponibiliza modelos mais baratos, tendo uma das ofertas mais acessíveis do mercado: um LCD de 19 polegadas que custa 379,99 euros. No total, a LG vende em Portugal 30 modelos compatíveis com a TDT em seis linhas de LCD e quatro linhas de plasmas, com ecrãs de 19 a 60 polegadas.




Série W5500 da Sony
Características Full HD 1080p; contraste dinâmico de 80.000:1; tecnologia MotionFlow de 100Hz. 32 polegadas de ecrã.
Preço 1.099 euros

A série W5500 é a mais recente no universo Sony a dar suporte à TDT. Inclui equipamentos de 32 a 53 polegadas sempre em Full HD e com tecnologias avançadas de estabilização de imagem. Inclui ainda tecnologia DLNA, para facilitar a ligação de dispositivos externos à TV.
No total, a Sony comercializa em Portugal 31 modelos de equipamentos com suporte para a TDT, com dimensões de ecrã até às 55 polegadas. O modelo mais barato pertence à série S5500, tem 22 polegadas e custa 529 euros.




Série 9000 da Philips
Características Full HD 1080p; contraste dinâmico de 30.000:1, tecnologia DLNA. Ecrã de 42 polegadas.
Preço 1.999 euros

Na série 9000, a Philips aposta num "design" moderno. Outro destaque é a utilização da tecnologia patenteada Ambilight Spectra 3 que projecta a luz do ecrã para fora do dispositivo dando a ilusão de que este é maior do que realmente é.
No total, a fabricante comercializa no mercado português 20 modelos de televisores com suporte para a TDT com dimensões de ecrã que variam entre as 32 e as 52 polegadas para preços entre os 600 e os quatro mil euros.






Série 8 da Samsung
Características Full HD 1080p; contraste dinâmico de 70.000:1; tecnologia de 100 Hz. Ecrã de 40 polegadas
Preço 1.499,00 euros

Tal com os modelos anteriores, também a Série 8 da Samsung inclui tecnologia DLNA e tecnologia de 100 Hz para uma melhor qualidade de imagem, revelando vários pontos comuns com as restantes propostas. A empresa comercializa três séries de equipamentos preparadas para receber a TDT: Série 7, 8 e 9 onde se incluem modelos com 40 a 56 polegadas de ecrã. O modelo mais em conta é um LCD de 40 polegadas da série 7, vendido a 1.399 euros.




Serviço no computador
Características Placa USB para acesso à Internet, com sintonizador de TDT. Velocidade de "download" até 7,2 Mbps e de "upload" até 1,4 Mbps. Preço 129,90 euros, "online"

No dia em que lançou a Televisão Digital Terrestre, a PT também apresentou uma alternativa para quem pretende aceder ao serviço via computador. A placa da TMN que o permite suporta uma oferta associada aos tarifários de banda larga móvel da operadora, com mensalidade a partir de 22,87 euros.










Digital na TV antiga

As caixas descodificadoras da Televisão Digital Terrestre (TDT) ainda não são um produto fácil de encontrar nas principais lojas de electrónica de consumo. MediaMarkt e Fnac disponibilizam a mesma oferta para quem pretende um descodificador para os canais de sinal aberto, com capacidade de gravação. Trata-se de uma Metronic preparada para a alta definição e com disco rígido integrado. Esta Zapbox HDZ1 custa 169 euros (ver foto).

Na Fnac, também é possível encontrar um equipamento sem disco rígido da Suntek, que dá acesso às funcionalidades básicas do serviço e que pode ser adquirida por 89 euros.

A prazo, fabricantes como a Philips e a Sagem confirmam que também vão colocar ofertas no retalho, embora os nomes das fabricantes sejam, também, referidos no âmbito de parcerias já assinadas com a PT como fornecedoras de equipamentos que a empresa irá revender ao consumidor. A portuguesa Novabase também tem tecnologia desenvolvida nesta área e admitiu recentemente que só espera definições sobre o arranque dos canais pagos da TDT para fazer converter a tecnologia em produtos.