O mercado português das comunicações móveis continua dinâmico. Nos preços, como nas linhas de equipamentos, os operadores seguem-se de perto e não há nova oferta que não tenha resposta pronta da concorrência. Durante alguns anos, a luta nos equipamentos fez-se com uma forte aposta na subsidiação. Nos anos mais recentes, ganhou destaque a aposta em modelos exclusivos - que se mantém - e, ainda mais recentemente, nos equipamentos de marca própria. A Vodafone trouxe o conceito para o mercado português. TMN e Optimus seguiram-lhe o rasto.

Hoje, os três operadores asseguram uma oferta em nome próprio que aposta essencialmente no factor preço, em duas variantes: produtos de gama de entrada e "smartphones" a preços competitivos.

No que se refere às ofertas de gama de entrada, chegam a ser os produtos de operador os que são mais baratos nos catálogos. Nos "smartphones", a grande aposta vai para a plataforma Android, o sistema operativo móvel promovido pela Google que, de acordo com dados divulgados em Maio pela consultora Distimo, já é o detentor da maior loja de aplicações gratuitas do mercado. Um sucesso que acompanha a venda de terminais com Android, marcados pela disparidade de marcas e modelos que contrariam a tendência de homogeneização da Apple e de outros concorrentes de peso, como a RIM. No universo Android, a diversidade de marcas e especificações de equipamentos é tão grande que muitos analistas acreditam que cria confusão no mercado e prejudica a estratégia de difusão de conteúdos.

Independentemente das críticas, a plataforma tem crescido exponencialmente garantindo uma adesão massiva de quem desenvolve aplicações e uma boa experiência para o utilizador. Nesse percurso, transformou-se no sistema de eleição de maior parte dos fabricantes de telemóveis tradicionais - excepção feita aos que controlam sistemas concorrentes - e dos próprios operadores que querem colocar a sua marca no hardware.

Em Portugal, a aposta mais expressiva no Android (com marca própria) é da Optimus, que comercializa, actualmente, quatro modelos suportados no sistema operativo, num universo de 10 modelos com assinatura da empresa da Sonaecom. Com o mesmo número de equipamentos em nome próprio, a Vodafone coloca a sua insígnia apenas em dois modelos com Android.

A TMN soma na oferta de marca própria - composta por 15 modelos - seis telemóveis inteligentes e reparte, em partes iguais, a aposta na plataforma da Google, com uma aposta na versão móvel do sistema operativo da Microsoft. No entanto, nenhum dos três "smartphones" TMN com Windows - a opção que nenhuma das concorrentes explora de momento - é uma aposta recente.

Uma aposta para continuar
Com "nuances" que as distinguem, as ofertas dos três operadores nos equipamentos de marca própria têm balanço positivo em uníssono e é claramente uma estratégia para continuar a colocar no terreno, assumidamente com uma tónica forte nos produtos com funcionalidades mais avançadas a preços competitivos e, por outro lado, nos mais básicos entre os básicos.

"As vendas de produtos de marca própria têm tido um sucesso espantoso e muito consistente ao longo dos últimos dois anos", admite Joana Ribeiro da Silva, directora de "marketing" de particulares da Optimus, onde as vendas de marca própria já representam 25 por cento do total de equipamentos comercializados.

Para a Vodafone e a TMN, o balanço é igualmente positivo. A primeira assegura que, embora com variações ao longo do ano, os terminais de marca própria já representam 10 a 20 por cento das vendas. Na TMN, assumem um peso de 13 por cento, números que em ambos os casos justificam a continuidade de uma aposta que, como explica a Vodafone, pretende "completar o leque alargado de terminais que a marca disponibiliza com o objectivo de proporcionar as mais avançadas funcionalidades e 'design' ao melhor preço do mercado", uma lógica que é seguida em triplicado.

Os mais vendidos Os modelos mais acessíveis em cada segmento explorado pelos operadores com as próprias marcas tendem a ser os mais procurados pelos clientes. No entanto, e como reconhecem os próprios, há alguns sucessos de vendas que se destacam. A TMN assinala o TMN Black Stone, o telemóvel de ecrã táctil mais barato do seu portefólio, como recordista de vendas na oferta com marca própria. Na Vodafone fez história o Vodafone 541, lançado pela operadora ainda em 2009. Destacou-se, na altura, pelo preço baixo, combinado com um ecrã táctil. O produto de marca própria com melhor memória para a Optimus foi lançado no ano passado. O operador está, aliás, convencido que o Optimus Boston terá contribuído, significativamente, para reforçar a sua quota no segmento Android. Os três modelos continuam em comercialização, embora o Vodafone 541 já só esteja disponível numa edição Hannah Montana. Os preços dos respectivos modelos são de 54,89 euros para o Vodafone 541; 139,90 euros para o Optimus Boston e 39,90 euros para o TMN Black Stone.

Os mais baratos As propostas mais em conta na oferta dos operadores são protagonizadas pela Vodafone e pela TMN, que têm nos produtos de marca própria as melhores propostas de preço. Os modelos são básicos nas funcionalidades, à medida de quem usa o telefone para a sua função primordial: fazer e receber chamadas, enviar e receber SMS. A Optimus opta por uma estratégia diferente e posiciona o seu produto de entrada de gama num intervalo diferente de preço e funcionalidades. O equipamento mais barato do catálogo da marca fica assim a cargo de terceiros, neste caso é da Samsung e custa 21,90 euros. TMN 1010 Características Ecrã de 65 mil cores; alarme; lanterna; calculadora; calendário; jogos Preço 19,90 euros Vodafone 246 Características Ecrã de 65 mil cores; alarme; rádio; calculadora; calendário; jogos Preço 19,90 euros Optimus Lisbon Características Ecrã de toque; câmara de 1,3 Mpx; gravador de vídeo; bluetooth; leitor MP3 e rádio Preço 49,90 euros