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Invista em empresas rentáveis
A remuneração accionista é um dos pontos fortes de muitas empresas, que desta forma oferecem aos seus investidores um rendimento garantido. E é justamente estas oportunidades que o fundo do JPMorgan Europe Strategic Dividend quer explorar...
Paul Shutes | O responsável pelas vendas do JPMorgan Europe Strategic Dividend considera que as empresas que remuneram os accionistas continuam a pagar melhor que a média de retorno do mercado.
Sector financeiro e imobiliário oferecem boas oportunidades
A remuneração accionista é um dos pontos fortes de muitas empresas, que desta forma oferecem aos seus investidores um rendimento garantido. E é justamente estas oportunidades que o fundo do JPMorgan Europe Strategic Dividend quer explorar. Para o responsável pelas vendas do produto, Paul Shutes, a crise criou boas oportunidades, nomeadamente nas empresas do sector imobiliário e financeiro.
Durante a crise, várias empresas viram-se obrigadas a cortar dividendos. Com a recuperação poderemos ver melhorias na política de dividendos?
Nessa análise é interessante verificar se se inclui o sector financeiro. No caso dos bancos, com as nacionalizações, isso implicou que as instituições não pagassem dividendos até que devolvessem o dinheiro que pediram emprestado. Como resultado, vimos os "dividend yield" cair cerca de 20 a 30%. Mas quando se exclui o sector financeiro, vemos que os retornos de dividendo apenas caíram em menos de 10%. Por isso, nessa base vimos os retornos de dividendo cair, mas é isso uma coisa má? Para as pessoas a investir nessas empresas é, porque tiveram retornos menores. Mas, é positivo para fortalecer os balanços das instituições e as empresas continuam a pagar retornos elevados. Encontramos empresas que, apesar de terem cortado os seus retornos de dividendo, ainda remuneram melhor que a média do mercado.
E onde está a identificar melhores oportunidades neste momento?
Onde estamos a encontrar os retornos de dividendo mais elevados é nas empresas de imobiliário, que nos parecem muito atractivas em termos de dividendos, e também achamos interessantes títulos do sector financeiro, bem como as retalhistas, talvez a surpresa do mercado. Estes são os sectores onde podemos encontrar retornos atractivos. Uma das coisas mais interessantes nos últimos 12 meses é que apesar das empresas terem passado tempos difíceis em termos absolutos, a crise criou boas oportunidades em termos do "spread" das rentabilidades extremamente altas e isso é muito bom para a gestão activa, que pode explorar e conseguir melhores retornos com isso e talvez essa seja uma das razões para o fundo estar a ter um desempenho tão bom este ano.
Referiu as empresas do sector imobiliário. Não teme que a retoma destas empresas seja mais demorada e que ainda persistam riscos neste sector?
Está a haver uma estabilização e estão a começar a recuperar e podemos ver isso nos dados económicos. O mercado tende a exagerar quer em termos negativos, quer em termos positivos e julgo que chegámos a um ponto onde vimos terrenos que tiveram que ser desvalorizados pelos bancos e o mercado poderá ter descontado demasiado. Quando olhamos para algumas das empresas, elas ainda estão a ter rentabilidades tão positivas e isso gera uma forte liquidez e, como resultado, mantêm a sua política de elevados dividendos. E, talvez seja essa uma das razões para estarmos a assistir a uma normalização. Esses títulos tinham avaliações baixas e estão agora a ser reavaliadas, por isso estão a voltar a níveis reais.
Com os resultados do terceiro trimestre a aproximarem-se, qual é a sua expectativa para esta fase de apresentação de contas?
Penso que o terceiro trimestre vai ser muito importante. Os resultados do segundo trimestre foram muito fortes em níveis de resultado por acção, com surpresas positivas a virem das empresas europeias. Mas quando olhamos para os factores que conduziram a essas surpresas, verificamos que foram os cortes de custos que suportaram. As empresas foram capazes de cortar custos, por isso é que os resultados permaneceram bastante resistentes. Por isso, na verdade houve surpresas negativas nas receitas. As empresas conseguiram bater os resultados, não por causa do crescimento das receitas, mas por causa do corte de custos.
E é por isso que o terceiro trimestre vai ser importante. As empresas apenas podem cortar custos até determinado ponto e vai haver uma altura em que vão ter que começar a registar melhorias nas receitas. Felizmente, recentemente foi divulgado um crescimento da economia na Alemanha e também assistimos a uma forte procura na Ásia, tudo melhorias na economia que vão levar a um aumento das receitas.
Recentemente, o presidente da Fed disse que a recessão muito provavelmente já terá terminado. Concorda com esta visão?
Julgo que o que Bernanke quis dizer foi que já não estamos numa recessão, mas também não vamos entrar num período de forte crescimento. As empresas e o sector do consumo continuam a sofrer os problemas que tiveram. As empresas têm tentado reequilibrar os seus balanços e aumentar capital, mas o consumo somos nós e elas não conseguem fazer isso. E isso vai levar mais tempo a resolver. Por isso, vamos ver algumas melhorias, mas não vamos voltar a elevadas taxas de crescimento.
Quais são os principais riscos que ainda permanecem no mercado?
Em termos gerais estamos a ver uma melhoria na maioria dos indicadores. As exportações, os números do PIB, etc. Quanto ao desemprego, espera-se que continue a aumentar. Outro dos aspectos a ter em conta é a política dos bancos centrais. Por um lado, é necessário manter as taxas baixas para impulsionar a economia, mas a dada altura vão ter que começar a subir juros para controlar a inflação. Neste momento a inflação não é um problema, mas em 2010 ou 2011 vai passar a ser um problema.
E quanto aos mercados accionistas. A forte correcção das bolsas nos últimos seis meses abriu espaço para uma correcção?
Os mercados subiram demasiado rápido. Mas, vai depender dos resultados que forem divulgados, bem como da divulgação da dados macroeconómicos, que vão dizer se os mercados cresceram muito rápido ou se ainda há potencial de subida. Para nós, ainda há boas oportunidades em termos de diferencial da "yield". Apesar de haver potencial de correcção das acções, os retornos de dividendo ainda estão muito atractivos, ainda conseguimos retornos de 5%. Por isso, se ainda há potencial para as acções, ou o que identificamos é uma pausa para respirar, é difícil de prever, mas ainda vemos grandes oportunidades para os investidores de longo prazo.
Alguma empresa portuguesa integra o portfólio do fundo?
Temos a Portugal Telecom, que tem um retorno de dividendo alto e não há razões para se esperarem cortes. E a EDP, pelos mesmos motivos, é uma empresa com retorno de dividendo elevado, que oferece uma forte cobertura ao mesmo tempo. Por outro lado, há outras empresas bem geridas, mas que ainda não têm uma "yield" suficientemente alta para integrarem a carteira.
Dividendos dão retornos garantidos A remuneração aos accionistas é um retorno oferecido por várias empresas, que garante um retorno adicional aos investidores. Ao investir em acções de empresas com dividendos atractivos, os investidores além de se exporem ao desempenho dos títulos em bolsa, também garantem o pagamento de um rendimento certo. Em momentos de queda dos mercados, como os últimos dois anos, o pagamento de dividendos pode funcionar como uma "almofada" para as desvalorizações em bolsa. Apesar da forte subida das acções desde Março, as empresas que oferecem "dividend yields" atractivos continuam a apresentar boas oportunidades para os investidores. Para os aforradores que pretenderem beneficiar com o pagamento de dividendos, a gestão activa, através dos fundos de investimento pode ser uma boa alternativa. Uma gestão profissional poderá identificar as empresas com melhores perspectivas de distribuição de lucros pelos accionistas. Em Portugal, há vários fundos que apostam nesta política de investimento. Apesar da forte subida nos últimos meses, o retorno a 1 ano continua negativo. |