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Uma vez por mês, o "Investidor Privado" publica o desempenho de oito carteiras de fundos de investimento construídas por quatro instituições especializadas neste instrumento privilegiado para a rendibilização de poupanças de baixa dimensão...

02 de Outubro de 2009 às 10:05
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Uma vez por mês, o "Investidor Privado" publica o desempenho de oito carteiras de fundos de investimento construídas por quatro instituições especializadas neste instrumento privilegiado para a rendibilização de poupanças de baixa dimensão. A iniciativa decorre desde o final de Julho e, depois de na primeira edição cada um dos bancos envolvidos ter justificado as suas opções para as carteiras prudente e agressiva, os balanços mensais que se seguiram foram oportunidades para os respectivos gestores explicarem eventuais ajustamentos, efectuados com o objectivo de explorar novas oportunidades.

Hoje, dois meses depois do lançamento desta iniciativa, que se tornou possível pelo facto de as quatro instituições em causa terem decidido aceitar o desafio de exporem as suas opções e visão dos mercados aos escrutínio dos leitores, publicamos as rendibilidades alcançadas durante este curtíssimo período. As valorizações alcançadas não devem ser uma fonte de ilusões ou de decisões precipitadas. Os fundos de investimento são produtos destinados a investidores que pretendem fazer aplicações de longo prazo e proceder a avaliações das qualidades de cada um, ou de carteiras que reunam diferentes fundos, a partir apenas do desempenho verificado durante um período tão curto, seria um clamoroso erro.

Para além da óbvia curiosidade em constatar quem vai conseguindo fazer as melhores apostas e obter as rendibilidades mais atraentes, o grande interesse desta rubrica do "Investidor Privado" vai mais além. Está no facto de fornecer larga matéria para reflexão por parte de quem se interessa pelos temas de investimento e pelas diferentes abordagens e estratégias. Através das escolhas e das justificações que as sustentam, é possível ir percebendo quão diversa podem ser as expectativas e as convicções que se formam entre especialistas nos mercados a respeito da mesma realidade.

No ActivoBank7, no Big, no Best ou no Deutsche Bank, onde uns vêem oportunidades, outros vêem ameaças. Enquanto na carteira agressiva do Activo, a boa "performance" do mercado brasileiro ajudou a erguer uma valorização ligeiramente superior a 7%, o portefólio de maior risco proposto pelo Deutsche Bank conseguiu uma progressão dentro do mesmo escalão com opções mais centradas nos Estados Unidos e na Europa. Perante os mesmo dados fundamentais, relativos às economias e à situação financeira e perspectivas de negócios das empresas cotadas, duas entidades alcançam resultados semelhantes através de abordagens distintas.

Isto sucede que o facto humano intervém nas decisões assumidas. O que implica um grau de subjectividade e a intervenção da inteligência emocional, elemento decisivo na capacidade de discernimento dos seres humanos que destronou o mito da razão de Descartes. Os fundos quantitativos, de que se fala no tema de capa desta semana, seguem um caminho oposto.

Excluem o elemento humano da gestão das carteiras e confiam na lógica pura e dura de um computador a quem, depois de terem sido carregados determinados parâmetros, é dada "liberdade" para aplicar o dinheiro. Parecem a solução perfeita. Mas, quando a meta é a de fazer bons investimentos, têm tantas ou mais limitações do que os seres humanos. Por exemplo, não andam de táxi para poderem perceber quando um "crash" pode estar à vista por causa de um ambiente de euforia generalizada e não sustentável.


joaosilva@negocios.pt

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