Afinal, o tão aguardado lançamento de 4 de Outubro acabou por não revelar o esperado iPhone 5, que os rumores muito anteciparam e que voltaria a mostrar a "magia" da Apple e a sua capacidade de reinventar o mercado dos telemóveis.

O primeiro grande evento da empresa depois da saída de Steve Jobs e um dia antes do falecimento do fundador da empresa, desiludiu os fãs e os analistas, que nas últimas semanas já tinha antecipado largamente aquelas que seriam as características da quinta versão do iPhone, onde se incluía o suporte a redes de quarta geração, um ecrã maior, menor espessura e mais memória.

Mas, afinal, o evento acabou por resultar na apresentação do iPhone 4S, que na aparência não tem nada de diferente do modelo que está no mercado há 15 meses. As diferenças estão por dentro e residem no espaço de memória, no desempenho e na câmara fotográfica. O preço é outro factor importante e pode ser o elemento de maior diferenciação, ajudando a massificar o telefone estrela da Apple.

Embora todos estivessem à espera do lançamento do iPhone 5, havia também expectativas para o lançamento de uma versão renovada do iPhone 4, à semelhança do que já tinha acontecido com o iPhone 3, que também tem uma versão S. Também neste caso foi a melhoria do desempenho que dominou a alteração.

O novo modelo agora apresentado tem um processador "dual core" A5, mais rápido sete vezes do que o anterior modelo no processamento de imagens, uma câmara fotográfica melhor, com oito megapixels, maior velocidade no acesso a dados, e alarga o espaço de armazenamento a 64 MB. São estes elementos que combinados com o "Assistente pessoal", o software Siri de reconhecimento de voz, completam a actualização do principal produto da Apple. Mas que poderão não justificar a troca para quem comprou recentemente um iPhone 4.

Tim Cook, o novo CEO da Apple, salientou que o objectivo é atrair novos utilizadores para o mundo iPhone e o seu ecossistema composto pelo novo sistema operativo iOS 5, os serviços iCloud e a App Store. "Apesar do seu sucesso, o iPhone só tem 5% de quota no mercado mundial de telemóveis. Podia ter mostrado números mais impressionantes se mostrasse apenas o dos "smartphones", mas não é assim que nós vemos o mercado", afirmou o responsável pela empresa.

O objectivo é garantir uma fatia mais significativa do mercado global, até porque a Apple acredita que com o tempo todos os telemóveis se vão tornar "smartphones". "Este é um mercado de 1,5 mil milhões de unidades anuais. É uma enorme oportunidade para a Apple".

Este discurso sustenta a decisão de colocar o preço no novo iPhone 4S nos 199 dólares, nos modelos mais básicos e com assinatura de serviços obrigatória - que não deverão ser "convertidos " directamente para 199 euros, à semelhança de outros modelos anteriores. E o modelo 4 baixa para os 99 dólares (no modelo de 8 GB), enquanto o 3GS passa a custar 49 dólares (também no modelo de 8 GB) e em alguns planos tarifários já fica a custo zero. Tudo a bem da massificação e do combate ao crescimento de vendas dos modelos com Andoid, o sistema operativo patrocinado pela Google.

Para quem não se importa de abrir os cordões à bolsa para ter "o melhor dos melhores" continua a haver modelos mais caros, com mais memória. O iPhone 4S de 64 GB custa 399 dólares e o de 32 GB custa 299 dólares.

Mesmo a 199 dólares, o iPhone 4S já está mais barato do que muitos dos modelos da concorrência com características semelhantes. E continua a ser o "smartphone" de sonho para muitos utilizadores, tornando-se agora também no equipamento mais interessante em modelos de assinatura das operadoras que mantêm acordo com a Apple para os Estados Unidos.

Por isso se calhar a Apple não precisava mesmo de um equipamento revolucionário, sobretudo numa altura em que as redes 4G ainda estão longe de cumprir as promessas de cobertura do território norte-americano.