Comparar tarifários é uma tarefa complicada e morosa. Há muitas variáveis envolvidas e assemelha-se um pouco ao que acontece nos custos de produtos nos supermercados: por vezes, um preço é mais baixo num determinado operador mas a despesa com outros produtos que se compram acaba por atenuar essa diferença e torná-la nula.

Há alguma ciência nesta comparação, sobretudo para quem fala regularmente para uma determinada zona do globo, ou um país específico, onde tem um familiar ou amigo. E, se as conversas forem longas, às vezes vale a pena escolher o tarifário com base neste factor, já que as chamadas nacionais são cada vez mais baratas e têm, até, um custo nulo em alguns pacotes oferecidos pelos operadores.

O facto de o número de ofertas comparáveis para o mercado residencial ter sido reduzido com a incorporação pela Sonaecom da Tele2 e do segmento residencial da Onitelecom facilita a tarefa de apurar os melhores preços. Mas, por outro lado, as ofertas fixas dos operadores móveis vêm também introduzir novos elementos nesta comparação.

De fora da comparação ficaram as operadoras de cabo. Embora tenham serviços de chamadas de voz, obrigam à combinação com serviço de televisão, o que acabaria por distorcer as conclusões deste trabalho.

Mercado de valor

Embora os valores sejam significativamente mais baixos do que as comunicações realizadas dentro do território nacional, o tráfego de voz internacional é um mercado ao qual os operadores de telecomunicações não podem ficar indiferentes. Para além do facto de muitos clientes manterem laços familiares fora do país, fruto da elevada taxa de emigrantes, também o número de estrangeiros a residir em Portugal cresceu nos últimos anos, aumentando o número de chamadas para redes internacionais. São dois factores que, associados ao turismo, fizeram com que esta se tornasse uma das áreas das comunicações fixas que teve uma evolução positiva nos últimos anos, em termos de minutos de conversação, o que acontece também nas redes móveis.

Para responder às exigências deste mercado, alguns operadores prepararam, mesmo, pacotes especiais para chamadas internacionais. É o caso da PT, que mantém vários pacotes adaptados aos principais destinos das chamadas realizadas para o estrangeiro, mas também dos operadores móveis com oferta fixa, que ajustaram os seus tarifários aos utilizadores intensivos de comunicações internacionais, com vantagens em termos de custos em relação aos operadores tradicionais do cobre.

Variáveis com significado

Uma análise detalhada aos tarifários internacionais mostra que, consoante o destino preferido, vale a pena seleccionar o melhor preço de entre os vários operadores, sobretudo se o número de minutos realizado tiver um peso significativo na factura. Entre os operadores analisados é fácil de verificar que não há uma homogeneidade.

Os melhores preços não estão todos numa mesma oferta para os vários destinos mundiais, tal como também não estão os piores. No caso da rede fixa, não comparámos as diferenças de tarifários depois aplicados para a rede nacional, mas, no caso dos pacotes móveis, em todos os casos em que as ligações ficavam mais baratas nos destinos internacionais as nacionais têm preços bastante acima dos praticados noutros tarifários, o que pode justificar a estratégia de manter dois planos tarifários diferentes.

Curiosamente, comparando custos da rede fixa e da rede móvel verifica-se que, em alguns casos, pode justificar ligar a partir do telemóvel, estando do outro lado uma linha fixa - o que é sempre mais barato - ou outra linha móvel.

Entre os factores a considerar para escolher o melhor tarifário vale a pena, também, avaliar a opção pelo VoIP. Pode significar algum investimento à partida - em equipamento se ainda não o possuir - e até dificuldade de habituação, mas a redução significativa de custos pode compensar, sobretudo se as chamadas se realizarem entre dois computadores, com custo zero.