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A dívida do mercado emergente

A crise financeira de 2008/2009 causou muitas ondas, não só na comunidade de investimento mas também na sociedade no seu conjunto. Consequentemente, a dimensão da recuperação do mercado em todas as classes de activos foi simultaneamente...

04 de Maio de 2010 às 09:28
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A crise financeira de 2008/2009 causou muitas ondas, não só na comunidade de investimento mas também na sociedade no seu conjunto. Consequentemente, a dimensão da recuperação do mercado em todas as classes de activos foi simultaneamente surpreendente e impressionante, com os mercados emergentes e a dívida do mercado emergente, em particular, a beneficiarem deste crescimento.

A dívida do mercado emergente abrange basicamente as obrigações emitidas pelos países menos desenvolvidos. Estas obrigações são emitidas principalmente pelas administrações públicas mas as obrigações das empresas dos mercados emergentes estão a tornar-se cada vez mais populares à medida que as empresas melhoram os lucros e basicamente, arrumam as suas casas no que diz respeito à transparência e às relações com o investidor.

Tendo em conta que algumas das empresas mais rentáveis no mundo (Gazprom da Rússia, Petrobras do Brasil e o Banco Industrial e Comercial da China fizeram parte da lista das mais lucrativas no "top 10" da "Fortune" de 2009) estão localizadas em economias emergentes, tal demonstra que o desempenho do mercado accionista em muitos destes países está baseado em fortes variáveis fundamentais e não apenas na mera expectativa.

O actual ambiente de excesso de liquidez, dados económicos em melhoria e pressões inflacionárias muito baixas conduziram a taxas de juro baixas e estáveis em todo o mundo, a um declínio na volatilidade e na queda dos prémios de risco. Tudo isto contribuiu para que os investidores estivessem dispostos a participar na recuperação dos activos fora da liquidez.

Com excepção da Europa de Leste, as economias emergentes têm agora balanços mais fortes e encontram-se em terreno muito mais sólido do que os mercados desenvolvidos.
Em 2010, esperamos que as economias emergentes (impulsionadas pela Ásia) continuem a liderar a recuperação global e esperamos que a inflação, de modo geral, permaneça bem ancorada. Embora seja difícil fazer previsões a longo prazo, esperamos que o ambiente de mercado seja mais volátil e também cheio de oportunidades e também de riscos, em 2010.

Se 2009 foi o ano de liquidez adicional e da jogada do "beta" (onde a maioria das acções e índices subiram), acreditamos que 2010 será o ano das estratégias de saída, reforçando as variáveis fundamentais e a jogada do "alfa" (onde será necessária mais competência para resolver os retornos adicionais). Embora as métricas de valorização não sejam tão estimulantes, ainda esperamos que se mantenham positivas as técnicas de mercado e que as variáveis fundamentais constituam um apoio.

É provável que observemos os diferenciais das empresas e da dívida pública a divergirem entre os claros vencedores e os óbvios perdedores, uma vez que muitas das grandes empresas permanecem subvalorizadas e as oportunidades de alta rentabilidade emergem durante a fase de recuperação. As taxas de incumprimento das empresas nos mercados emergentes são agora inferiores às dos principais países desenvolvidos. Além disso, a dívida das empresas do ME (mercado emergente) continua a apresentar retornos atractivos face ao mercado desenvolvido, que ultrapassam o que se pode esperar das acções do ME.

Quando os mercados emergentes caíram durante a crise financeira, de forma similar às economias avançadas, acreditamos que esta queda tenha sido conduzida pela quebra na liquidez global, não por questões de solvibilidade. Com excepção da Europa de Leste (e de alguns nichos no Médio Oriente), as economias emergentes têm agora balanços mais fortes e encontram-se em terreno muito mais sólido do que os mercados desenvolvidos.

Por conseguinte, como referimos, acreditamos que a Ásia conduzirá o crescimento dentro das economias emergentes em 2010. É provável que a Europa de Leste, principalmente os países do antigo Bloco Soviético, se atrasem devido à sua necessidade estrutural de liquidar mais das suas dívidas. Entretanto, as economias da América Latina deverão beneficiar das mercadorias que fornecem apoio e das necessidades de financiamento relativamente sólidas tanto ao nível do sector público como do privado.

Os investidores devem estar cientes dos potenciais riscos
Naturalmente, é preciso estar ciente de algumas restrições ao desempenho da dívida do mercado emergente. Há o risco de que a política das taxas extremamente baixas, em particular nos EUA, crie um ambiente onde o risco não está suficientemente contabilizado no mercado.

Isto poderia encorajar o mau comportamento e negociações agitadas, tornando-se lucrativo apenas para aqueles que podem sair antes dos outros. Pelo contrário, o banco central dos EUA poderia igualmente subir as taxas mais cedo do que o esperado, tornando os activos de risco instáveis - as alterações da política monetária sempre conduziram no passado a mais volatilidade, e esta é uma tendência que provavelmente veremos repetir-se.

Por fim, o retorno de um ciclo de crescimento repentino também poderia implicar um risco para as obrigações do mercado emergente em 2010. A escala da dívida em economias ocidentais, as preocupações que um problema do sector privado tenha sido substituído por um problema de dívida pública, e a recuperação extremamente rápida da economia dos EUA, tudo isto fundamenta a possibilidade deste cenário. Contudo, não acreditamos que este risco será um problema este ano, embora possa vir a surgir nos próximos anos.

Para concluir, vale a pena reiterar que embora os mercados já tenham fixado os preços sob uma forte recuperação nas economias emergentes, não acreditamos que o tema de reequilíbrio global tenha sido totalmente contabilizado. Ao longo do próximo ano, esperamos que diferenciais do mercado emergente se estreitem mais e acreditamos que um crescimento mais forte e mais sustentado deverá beneficiar as notações de crédito totais e os balanços das empresas do ME.

Tal deve impulsionar maiores atribuições à dívida do mercado emergente em fundos de pensões globais, impulsionadores notáveis do mercado obrigacionista. Os significativos fluxos para a classe de activos devem também aumentar estrategicamente ao longo do ano - tornando a dívida do mercado emergente num interessante diversificador da carteira para aqueles que estão mais conscientes dos riscos.


Director de vendas do JPMorgan Asset Management









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