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Pathena cria fundo de ambição europeia para tecnológicas da saúde

Pela primeira vez, a sociedade de capital de risco liderada por António Murta está a constituir um fundo, que pode chegar a 120 milhões de euros, em que será "obrigado a levantar uma grande parcela" do dinheiro fora do país.

Ricardo Castelo
18 de Janeiro de 2018 às 18:29
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A Pathena está a levantar um fundo "de âmbito europeu", que pretende que chegue aos 120 milhões de euros, "quase totalmente" concentrado no investimento em empresas do sector das tecnologias para a saúde, como na área médica ou farmacêutica.

 

António Murta, co-fundador e presidente executivo, frisou que esta é a primeira vez no seu já longo historial neste ramo em que vai ser "necessariamente obrigado a levantar uma grande parcela dos fundos fora de Portugal porque não [vai] ter dinheiro disponível suficiente [no país] para alimentar o fundo".

 

Durante um seminário organizado pela Instituição Financeira de Desenvolvimento, no Porto, o engenheiro que passou pela Sonae Distribuição e fundou a Enabler e a Mobicom – vendidas à Wipro e Microsoft, respectivamente – disse ainda "esperar pelos próximos instrumentos" do chamado Banco do Fomento porque "alguma alavanca caseira de partida com certeza que ajuda para fazer uma campanha de ‘raising’ internacional bem-sucedida".

 

Estou a concorrer directamente ao Fundo Europeu de Investimento, mas o grau de concorrência é dez vezes maior. É a mesma coisa que o Benfica ir jogar com o Bayern de Munique. António murta, co-fundador e presidente executivos da pathena
 

O responsável desta sociedade de capital de risco, que tem sede no Porto e tem sob gestão activos de avaliados em 70 milhões de euros, salvaguardou que "é fundamental que existam os tais actores portugueses porque todos os estrangeiros perguntam: ‘então lá em casa, não acreditam em ti?’". E salientou que essa "é uma pergunta que nós próprios faríamos".

 

"Há instrumentos europeus. Eu posso perfeitamente concorrer directamente ao FEI [Fundo Europeu de Investimento] – e estou a fazê-lo. A única diferença é que o grau de concorrência é obviamente dez vezes maior. E temos noção que isso não é nada fácil. É a mesma coisa que o Benfica ir jogar com o Bayern de Munique", completou. 

 

Dosear a humildade portuguesa

 

Defensor de que "as sociedades gestoras não são só portadoras de dinheiro", até porque "essa é a parte mais fácil do trabalho", António Murta destacou que a humildade é "uma das maiores virtudes" dos portugueses, fazendo com que consigam trabalhar de manhã com um italiano e à tarde com um alemão. Porém, acaba por ser também um dos maiores defeitos, vendo nos compatriotas um "excesso de humidade, que é inaceitável".

 

"Às vezes não sabemos o que temos nas mãos. Um dos papéis mais importantes [das gestoras] é introduzir mundividência onde não há. Dar estrada as pessoas. Levá-las à Alemanha e à América e vender exactamente a mesma coisa [por um preço mais elevado]. É pena [que não o façam] porque significa valor acrescentado potencial completamente perdido. Tenho várias experiências destas", relatou o gestor, depois de ouvir Martim Avillez Figueiredo indicar que a CoRe Capital vai abrir a "carteira" à indústria do Norte.

 

Perante os responsáveis do chamado Banco do Fomento, cujo "chairman", Alberto Castro, admitiu ter ficado "aquém" dos objectivos traçados aquando do lançamento do projecto, o gestor sublinhou ainda que "talvez uma das coisas mais importantes" que a instituição pode fazer é conseguir "influenciar" as PME familiares a tornarem-se "mais abertas à entrada de sócios estrangeiros", já que "isso, sem dúvida, teria um valor extraordinário para muitas empresas portuguesas".

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