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Alberto Castro admite que Banco do Fomento ficou "aquém" dos objectivos

Ao final de três anos, o chairman lamentou as "dificuldades e erros" no lançamento desta instituição de política pública, enumerando várias razões pelas quais seria "difícil que a receita funcionasse à primeira".

Ricardo Castelo
17 de Janeiro de 2018 às 16:34
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O presidente do conselho de administração da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), Alberto Castro, referiu esta quarta-feira, 17 de Janeiro, que ainda não chegou o momento de apresentar publicamente um balanço da actividade deste organismo, mas reconheceu que o chamado Banco do Fomento, criado durante o anterior Governo, ficou "aquém" dos objectivos iniciais a que se propôs.

 

"Queríamos certamente mais. Basta lembrar as dificuldades de afirmação de uma nova instituição de política pública, cujo espaço e necessidade era – fruto do desconhecimento ou do interesse – questionado; as complicações de ‘governance’ resultantes de uma tutela partilhada [Finanças e Economia]; a mudança de Governo e o hiato natural na clarificação das orientações; as implicações do arranque da actividade ser baseado em fundos estruturais, com idiossincrasias burocráticas e regras nem sempre fáceis de compaginar com o funcionamento dos mercados e a prática dos potenciais destinatários", enumerou.

 

Em jeito de reflexão pessoal, como fez questão de sublinhar, Alberto Castro acrescentou como causador de problemas no arranque desta entidade, que tem sede no Porto, "as múltiplas entidades a que o IFD tem de reportar ou de atender, desde o incontornável e expectável Banco de Portugal até ao Tribunal de Contas, cujas boas intenções têm implicações práticas difíceis de explicar ao mercado, obrigando a tutela a diligências e esforços, com custos de oportunidade não negligenciáveis".

 

Falando durante um seminário sobre a capitalização das empresas organizado pelo IFD, que admitiu ser "uma prova de vida" da própria instituição, o "chairman" sustentou que estes argumentos são "suficientes para perceber que era difícil que a receita funcionasse à primeira". "Depressa e bem há pouco quem. Perante este conjunto de circunstâncias, fomos demasiado ambiciosos. Mais a mais, porque éramos e ainda somos poucos", frisou, destacando os méritos de uma equipa "tão pequena" que até conseguiu nomear individualmente.

 

Governo também deve "retirar lições"

 

Tentar colmatar falhas no mercado, principalmente no financiamento às PME, foi a "missão" confiada pelo Executivo liderado por Passos Coelho ao denominado Banco do Fomento, que junto das empresas identificou como principais dificuldades sentidas o acesso a financiamento de muito longo prazo, o preço que vai subindo à medida que as exigências de capital são mais restritivas, as reticências da banca nos projectos em fases iniciais, a baixa autonomia financeira das PME e o elevado peso dos encargos financeiros.

 

Em tom crítico, Alberto Castro lembrou que "são conhecidas as dificuldades que a gestão das empresas públicas não raras vezes encontra" e alertou também que "o caminho percorrido, as dificuldades experimentadas, os erros cometidos, a aprendizagem que foi sendo feita – incluindo em tudo isto a própria tutela – merecem uma análise cuidada para que se retirem as lições adequadas".

 

"Não será por acaso que os únicos sobreviventes da administração inicial sejam quatro não executivos. Talvez não seja suficiente para fazer um caso de estudo; mas para quem viveu estes três anos por dentro, a experiência da ‘ida à guerra’ da gestão pública e da criação de uma nova entidade, mais a mais fora de Lisboa, essa experiência, dizia, tem muito a contar aos vindouros e não só", concluiu.

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