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Capital de risco de ex-director de jornais abre "carteira" à indústria do Norte

A CoRe Capital ainda espera a conclusão do processo regulatório na CMVM, mas já está a negociar seis activos e quer fechar o primeiro investimento, numa transformadora nortenha, no primeiro trimestre do ano.

Martim Avillez Figueiredo esteve no Porto a debater o sector do capital de risco, ao lado de António Murta (Pathena). Ricardo Castelo
18 de Janeiro de 2018 às 16:23
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A CoRe Capital Partners está neste momento a negociar seis activos, que representam nove empresas, esperando concretizar o primeiro investimento até ao final do primeiro trimestre de 2018. Sem identificar o sector, Martim Avillez Figueiredo adianta que "muito provavelmente será numa indústria transformadora do Norte do país".

 

O ex-jornalista, que neste projecto tem como sócios Nuno Fernandes Thomaz e Pedro Araújo e Sá, indicou que é da região nortenha que são provenientes cerca de 65% das pequenas e médias empresas (PME), sobretudo de cariz exportador, que estão na "pipeline" desta sociedade de capital de risco, constituída em Fevereiro de 2018, que nos últimos meses avaliou mais de 180 activos.

 

Como o Negócios noticiou a 28 de Setembro do ano passado, a CoRe pretende investir em PME endividadas ou com problemas de gestão, mas com potencial para serem reestruturadas num período médio de quatro anos. Tem como objectivo levantar entre 75 e 100 milhões de euros e, no máximo, ficar durante oito anos no capital das companhias intervencionadas, que não serão start-ups nem dos sectores imobiliário, financeiro ou construção.

 

Durante um seminário organizado pela Instituição Financeira de Desenvolvimento, no Porto, Martim Avillez Figueiredo detalhou que o fundo ainda está em fase de constituição na CMVM. Tem uma reunião agendada com a entidade reguladora na segunda-feira, 22 de Janeiro, e espera que haja uma "decisão definitiva" e concluir o processo regulatório até ao final de Janeiro.

 

Dinheiro português para a indústria local 

Apontando como objectivo "fazer 20 a 25 investimentos" num prazo de quatro anos – "o que já é bastante", classificou o antigo director do Diário Económico e fundador do jornal i, financiado pelo grupo Lena –, a CoRe Capital Partners começou por levantar capital em Portugal, junto de fundos de pensões, seguradoras, fundações e grupos de investimento de controlo familiar (‘family offices’).

"Foi possível convencer todos esses LP ["Limited Partners", investidores de fundos que compram participações em empresas] que até agora estavam reticentes. (…) É preciso ter uma representação do dinheiro português", sublinhou o gestor, que no início de 2016 saiu da Impresa, a dona da SIC, acrescentando que "quem quiser ter um papel na reestruturação das PME tem de conhecer o país, as indústrias e os trabalhadores nacionais".

 

Pedro Araújo e Sá, Martim Avillez Figueiredo e Nuno Fernandes Thomaz pretendem alienar as participações nas PME num prazo máximo de oito anos.
Pedro Araújo e Sá, Martim Avillez Figueiredo e Nuno Fernandes Thomaz pretendem alienar as participações nas PME num prazo máximo de oito anos. Bruno Simão



Convicto de que a indústria portuguesa tem uma "oportunidade única na Europa" por "ainda [saber] fazer um conjunto de coisas", dando o exemplo da manufactura, Martim Avillez Figueiredo frisou que o país precisa de mudar o "retrato" do capital de risco – em que 66% do dinheiro é dos bancos – e de "soluções mais criativas" do que os actuais e dominantes fundos de reestruturação.

 

"Há a necessidade de meter o dinheiro dos investidores ao serviço do crescimento das PME. Não é dinheiro para comprar dívida aos bancos, não é dinheiro para comprar dívida aos antigos accionistas. É dinheiro para recapitalizar a economia nacional", concluiu.

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