Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque

Uma inundação de dívida e uma pausa nos juros. O que esperar dos EUA?

O acordo para a suspensão do tecto do endividamento norte-americano dá tranquilidade ao mercado, mas o reequilíbrio da tesouraria vai implicar uma enchente de emissões. Os juros deverão subir, colocando pressão sobre a banca. Mas o maior risco ainda vem do “rating”.
Leonor Mateus Ferreira e Carla Pedro 14 de Junho de 2023 às 15:00

Mais de um bilião de dólares. Este é o valor que Washington vai pedir emprestado aos investidores mundiais até ao final do ano, segundo as estimativas do JP Morgan. Após uma gestão apertada enquanto duraram as negociações sobre o tecto do endividamento norte-americano, foi alcançado um acordo para a suspensão deste limite, abrindo a porta a que os Estados Unidos venham a inundar os mercados de dívida soberana.

"O drama do tecto de dívida nos EUA ter sido adiado, e assim a eventualidade de um ‘default’ soberano, é naturalmente uma boa noticia. Não deixa, no entanto, de acarretar riscos significativos", diz Fernando Castro e Solla. O "partner" da Baluarte Wealth Advisors aponta para a hipótese de, na sequência deste acordo, "o mercado vir a ser inundado com emissões de curto prazo, com sérias consequências sobre a liquidez do sistema bancário e sobre as taxas de juro de curto prazo".

A principal preocupação prende-se com o volume de novas emissões que poderá ser o maior de sempre em períodos normais - ou seja, excluindo a crise financeira de 2008 ou a pandémica, em 2021. O Tesouro norte-americano já disse que pretende reequilibrar os níveis de tesouraria até setembro, sendo que os analistas antecipam colocações de títulos até um ano. Uma grande quantidade de dívida a entrar no mercado poderá gerar um agravamento das "yields" em toda a curva de rendimentos e, consequentemente, uma depreciação do preço das obrigações.

Esta evolução poderá colocar pressão adicional sobre a banca. A subidas de taxas por parte da Reserva Federal (Fed) dos EUA, aliada à recente crise no setor, tem conduzido a uma saída de depósitos para fundos de mercado monetário que, por sua vez, descontam os títulos no banco central. As novas emissões terão de ter remunerações superiores à taxa de desconto para garantirem que esta procura continua. "Esperam-se custos de financiamento em alta para os bancos e uma gestão de liquidez altamente desafiante", antecipa Fernando Castro e Solla.

Ver comentários
Saber mais Estados Unidos JPMorgan Vasco Teles Fernando Castro Baluarte Wealth Advisors Solla mercado de dívida
Outras Notícias
Mais notícias Negócios Premium
+ Negócios Premium
Capa do Jornal
Publicidade
C•Studio