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Traders europeus querem continuar a trabalhar em casa
Economizar tempo no trânsito e aumento da produtividade estão entre os principais motivos citados por profissionais financeiros europeus que preferem trabalhar em casa.
Os operadores do mercado de ações da Europa costumavam desaprovar a ideia de trabalhar em casa. Mas a pandemia mudou tudo, e a maioria quer agora evitar os escritórios, pelo menos uma parte do tempo, o que pode marcar uma grande mudança para um setor conhecido pelas longas horas e concorrência apertada.
Cerca de 80% dos 85 traders contatados pela Bloomberg News este mês disseram que querem poder trabalhar remotamente pelo menos uma parte do tempo após o fim das restrições atuais. O efeito foi ainda mais pronunciado num grupo mais amplo de respostas de 254 profissionais do mercado financeiro: mais de 90% disseram que consideram trabalhar em casa no futuro.
Antes das quarentenas na Europa, os traders já começavam a repensar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal na região, cujos horários de negociação estão entre os mais longos do mundo.
Uma pesquisa da London Stock Exchange revelou que a maioria preferia uma jornada de trabalho mais curta. Para um setor conhecido por sessões movimentados e networking, as circunstâncias atuais deram às pessoas liberdade para imaginar outra forma de fazer o próprio trabalho. Mais de 50% dos operadores consultados disseram que, a partir de agora, gostariam de trabalhar em casa pelo menos metade do tempo.
"Havia uma norma que todos aceitávemos de que, pelo menos para desempenhar algumas funções de forma eficaz, era absolutamente necessário estar no escritório por longas horas e que essa seria a única maneira de trabalhar", disse Joseph Sproul, diretor associado da Alpha FMC, uma consultoria de Londres especializada no setor de gestão de ativos e património. "A experiência nos últimos dois meses mostrou que existem outras maneiras de trabalhar e, em algumas funções, uma abordagem muito mais equilibrada pode ser igualmente eficaz, se não mais eficaz."
Os sinais dessa mudança já estão a surgir. O Danske Bank anunciou que vai permitir que a equipa trabalhe em casa alguns dias por semana, como um ajuste permanente às condições de emprego. O JPMorgan Chase espera manter os escritórios com ocupação de 50% no máximo no "futuro previsível", de acordo com memorando enviado aos funcionários da região da Europa, Oriente Médio e África. Em Espanha, o ING testa um plano para permitir que os funcionários tenham total flexibilidade de trabalhar no escritório ou em casa a partir de setembro.
Economizar tempo no trânsito e aumento da produtividade estão entre os principais motivos citados por profissionais financeiros europeus que preferem trabalhar em casa. Outros também mencionaram níveis mais baixos de stress, estilos de vida mais saudáveis e mais tempo com as famílias.