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Sell-off nos emergentes intensifica-se com maioria das moedas em queda e acções perto de bear market

Depois da Turquia e da Argentina, é a vez de a África do Sul fazer soar o alarme, com a economia do país a entrar em recessão. O rand lidera o movimento de quedas nas moedas dos emergentes, numa altura em que o "sell-off" se estende também às acções.

EPA
05 de Setembro de 2018 às 12:58
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A forte turbulência que tem abalado os mercados emergentes não dá sinais de acalmia, com a maioria das moedas em queda e o índice de referência que agrega acções de mais de duas dezenas de países em desenvolvimento a caminho de "bear market".

Às crises da Turquia, Argentina e Brasil juntam-se agora preocupações com a África do Sul, depois de ter sido revelado, na terça-feira, que o país entrou em recessão no segundo trimestre deste ano. No mesmo dia, dados positivos sobre a produção industrial dos Estados Unidos aumentaram a expectativa em torno de uma aceleração da subida dos juros pela Fed, o que impulsionou o dólar, penalizando ainda mais as moedas dos emergentes, que já vêm sendo fortemente castigadas nos últimos meses.

Esta quarta-feira, as descidas das divisas são lideradas pelo rand da África do Sul, que já chegou a perder um máximo de 2,23% face ao dólar, para negociar no valor mais baixo desde Junho de 2016. O peso da Argentina, que atingiu um mínimo histórico no passado dia 30 de Agosto, cai 0,39% face ao dólar. Nas últimas 13 sessões, só valorizou em uma, elevando para mais de 52% a queda acumulada desde o início do ano.

Este país da América Latina continua no centro das preocupações do mercado, numa altura em que está a negociar com o Fundo Monetário Internacional um aumento da linha de crédito de 50 mil milhões de dólares acordada em Junho.

 

A lira turca, que tem atingido sucessivos mínimos face à nota verde, também está a prolongar a sua trajectória descendente, a pouco mais de uma semana da reunião de política monetária do banco central, em que se esperam medidas corajosas para travar a subida da inflação e estimular o crescimento da economia. 

 

Acções dos emergentes a caminho de "bear market"

 

O "sell-off" estende-se também às acções, aumentando os receios de que o nervosismo dos investidores contamine até as economias mais robustas. "Isto está a tornar-se cada vez mais uma questão que já não tem a ver com os fundamentais dos emergentes", afirma Sameer Goel, director de estratégia macro para a Ásia do Deutsche Bank, em Singapura, citado pela Bloomberg. "Tem cada vez mais a ver com contágio, o que acontece principalmente por causa das participações cruzadas e da pressão dos resgates".

 

O índice de referência para os mercados emergentes, o MSCI Emerging Markets, completou, na terça-feira, a quinta sessão consecutiva de quedas, elevando para mais de 18,5% a queda desde o pico de Abril.

 

O país mais penalizado foi a Indonésia, onde as acções registaram a maior descida em três anos, devido aos receios de que as políticas implementadas para travar o declínio da rupia desacelerem o crescimento da economia. Nas Filipinas, as perdas também se intensificaram com a divulgação dos dados que mostram que a inflação ultrapassou os 6% no mês passado.

 

"Os investidores tornaram-se mais selectivos, e países com notícias negativas, como fraco crescimento económico, fracos balanços externos e inflação elevada enfrentam maiores sell-offs", explica Koji Fukaya, CEO da FPG Securities Co, em Tóquio, citado pela agência noticiosa.

 

Na sessão de hoje, o MSCI Asia Pacific Index caiu pela quinta sessão consecutiva, com os seus membros a perderem cerca de 258 mil milhões de dólares de valor de mercado.

 

Fora da Ásia, permanecem os receios de que o banco central da Turquia não faça o suficiente para travar a descida da lira, ao passo que na Rússia, a governadora do banco central Elvira Nabiullina já deu sinais de que será necessário subir os juros na reunião da próxima semana.

 

Por outro lado, termina esta quinta-feira o período de consulta pública sobre o plano da administração Trump de aplicar novas tarifas sobre 200 mil milhões de dólares de exportações da China. O presidente dos Estados Unidos já avisou que vai mesmo seguir em frente com a medida após a consulta pública, o que significa que nos próximos dias deverá ser escalado um novo degrau na guerra comercial entre estes dois países.

 

A iminência de uma escalada na disputa comercial, juntamente com a crise nos emergentes e os receios de contágio estão a penalizar as acções europeias, que negoceiam em queda pela segunda sessão consecutiva. O índice de referência para a Europa, o Stoxx600, está mesmo no valor mais baixo dos últimos dois meses.

 

 

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