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Dívida pública francesa já é mais arriscada do que a espanhola
Os juros da dívida francesa, com maturidade a dez anos, ultrapassaram pela primeira vez desde 2007 os da dívida espanhola. País enfrenta défice de 5,5% em relação ao PIB - acima do limite da União Europeia.
A instabilidade pública e agravamento das contas públicas em França estão a refletir-se no sentimento dos investidores no mercado de dívida. O país é visto pelos mercados, pela primeira vez desde 2007 como mais arriscado do que Espanha.
A "yield" das obrigações francesas a dez anos, a maturidade de referência, agrava-se esta quinta-feira em 0,4 pontos base para 2,968%. Passou assim, a par espanhola que segue a subtrair 1 ponto para 2,962%. Esta inversão não acontecia há 17 anos.
Esta taxa já é mais elevada do que a portuguesa (2,73%) e está ao nível mais próximo, na última década, das de Itália e da Grécia com a mesma maturidade, numa altura em que o apetite por um dos ativos mais seguros da Europa diminui devido à turbulência política.
Na comparação com Alemanha - um importante indicador de risco para os mercados -, o "spread" francês atingiu os 80,5 pontos base, enquanto o espanhol situa-se, neste momento, nos 79,6 pontos base. Já no caso de Portugal, o diferencial situa-se em 56,6 pontos.
O pessimismo dos investidores em relação à dívida francesa acontece numa altura em que o país enfrenta um défice de 5,5% em relação ao produto interno bruto (PIB) - muito acima do limite de 3% definido pela União Europeia.
França está atualmente, com seis outros países, a ser alvo de um procedimento por défice excessivo pela Comissão Europeia. O défice público aumentou no ano passado para 5,5% do PIB, quando a previsão orçamental era de 4,9%, devido a receitas muito inferiores às previstas.
Os investidores estão a questionar a capacidade do novo Governo conseguir reduzir este buraco nas contas públicas. O ministro do Orçamento, Laurent Saint-Martin, disse na quarta-feira que défice público francês "corre o risco de ultrapassar" 6% do PIB este ano, contra os 5,1% inicialmente previstos.
"Sim, a situação das nossas finanças públicas é grave […] em 2024, o défice público corre o risco de ultrapassar os 6% do PIB, segundo as últimas estimativas de que dispomos", anunciou Saint-Martin na Comissão de Finanças da Assembleia Nacional.
(Notícia atualizada às 11:40)
