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Queda nos lucros leva Jerónimo Martins a derrapar mais de 14% em bolsa

A retalhista apresenta o segundo pior desempenho entre as cotadas do Stoxx 600 - "benchmark" para o continente europeu. O CEO do grupo prevê que o contexto de "forte pressão" mantenha-se no segundo semestre do ano.

Miguel Baltazar
25 de Julho de 2024 às 09:48
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O contexto de "forte pressão" que a Jerónimo Martins enfrenta nos mercados em que opera refletiu-se nos lucros da empresa. No primeiro semestre de 2024, a retalhista viu o seu resultado líquido cair para os 253 milhões de euros – uma queda de 29,1% quando comparado com o mesmo período do ano passado.

Os mercados já se encontram a reagir a este recuo e a empresa liderada por Pedro Soares dos Santos afunda em bolsa, a esta hora, 14,48% para os 16,71 euros. É o segundo pior desempenho entre as cotadas do Stoxx 600 – "benchmark" para o continente europeu -, só atrás da Universal Music Group (UMG), que mergulha mais de 28% esta manhã.

Os maus resultados semestrais da Jerónimo Martins justificam-se com o ciclo inflacionário, que levou a "duros efeitos da combinação de uma acentuada trajetória de correção dos preços alimentares com a subida significativa dos custos", referiu Pedro Soares dos Santos, citado no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na quarta-feira.

Citado pela Bloomberg, o analista da Erste, Krzysztof Kawa, afirma que a única surpresa positiva nos resultados da Jerónimo Martins foi a melhoria no mercado colombiano, com a dinânica comercial a tornar-se mais positiva no país. No entanto, Janusz Pieta, do mBank, prevê um segundo semestre ainda pior para a empresa, uma vez que a Biedronka (cadeia de supermercados da Jerónimo Martins na Polónia) vai aumentar o investimento, sem reduzir a atividade promocional, o que vai ter um efeito negativo nas margens. 

O CEO do grupo já tinha dado indicações nesse sentido, ao prever que o "contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos se mantenha" no segundo semestre do ano. Citado pela Reuters, o banco norte-americano J.P. Morgan pediu "cautela" na previsão de lucros para a segunda metade do ano. 

Numa nota de "research" do UBS este mês sobre a retalhista, o banco de investimento previu uma melhoria nas margens de lucro da empresa apenas no segundo trimestre de 2025. Até lá, os analistas do UBS esperam resultados semestrais mais fracos, com a pressão sobre as margens de lucro e os preços a continuarem a aumentar.

Já no primeiro trimestre do ano, a Jerónimo Martins tinha apresentado uma queda nos lucros de 30,7% para 97 milhões de euros. O grupo, que opera em Portugal, Polónia e Colômbia, descreveu um "contexto particularmente desafiante" na altura – uma realidade presente em especial na Polónia, onde a deflação alimentar se conjugou com uma inflação nos custos e que acabou por intensificar o ambiente concorrencial.

Desde o início do ano, a Jerónimo Martins apresenta um saldo negativo de 28,65%. Apesar da queda em bolsa, as casas de investimento que acompanham a retalhista preveem que as ações da empresa valorizem para os 23,68 euros no próximo ano.

A Citi começou agora a acompanhar os títulos da empresa e divulgou uma nota de "research" esta quinta-feira, de acordo com a Bloomberg, onde fixa um preço-alvo para a Jerónimo Martins de 20 euros e recomenda que os investidores "mantenham" as ações da empresa.

Notícia atualizada com comentários de analistas

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
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