Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Quase 16% dos portugueses ainda guarda o dinheiro "debaixo do colchão"

Apesar de haver mais portugueses a assumir posições em investimentos com risco, uma percentagem significativa continua a não aplicar o dinheiro.

30 de Junho de 2021 às 13:46
  • 14
  • ...

Cerca de dois terços dos portugueses conseguiu poupar em 2020. A maior fatia das poupanças continua a ser canalizada para depósitos bancários, mas há mais aforradores a diversificar as suas aplicações por outros produtos, como fundos de investimento, ações, obrigações, ou até, criptomoedas. Ainda assim, cerca de 16% ainda deixa o dinheiro guardado em casa.

 

"A maioria dos entrevistados (65%) afirma que poupou no último ano", revela o terceiro inquérito à literacia financeira da população portuguesa, conduzido pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros em 2020, divulgado esta quarta-feira. De acordo com o mesmo inquérito, entre os entrevistados que dizem ter poupado no último ano, "58,5% indicam ter deixado o dinheiro na conta de depósito à ordem e 15,6% referem que guardaram o dinheiro em casa".

 

Já na outra face da moeda, cerca de um terço dos 1.502 inquiridos revelou ter aplicado o dinheiro num depósito a prazo, enquanto 9,4% (3,9% em 2015) investiram em ações, obrigações ou fundos de investimento e alguns entrevistados (1%) afirmam ter investido o dinheiro em criptoativos ou ICOs.

 

Esta tendência de crescente procura por ativos com maior risco, como fundos, tem sido visível também este ano, com os investidores a procurarem rentabilizar as suas poupanças, num momento em que os depósitos a prazo continuam sem render.

 

Apenas nos primeiros cinco meses de 2021, estes produtos de investimento geridos por entidades nacionais captaram cerca de 1.700 milhões de euros, o montante anual mais elevado desde 2005, antes da crise do "subprime".

 

Além de estarem a investir mais, os portugueses também optaram por presentear poupança à família. Segundo os resultados do estudo, a proporção dos entrevistados que deu o dinheiro à família para poupar também aumentou: passou de 2,7% em 2015 para 6,8% em 2020.

 

Preparados para imprevistos

 

A pandemia também avivou a necessidade de ter um pé-de-meia para fazer face a imprevistos. Cerca de 61% dos entrevistados afirmam ter capacidade de pagar uma despesa inesperada de montante equivalente ao seu rendimento mensal sem ter de pedir dinheiro emprestado ou a ajuda de familiares ou amigos e cerca de 62% referem ter rendimento suficiente para cobrir o seu custo de vida, proporções semelhantes às de 2015, refere o estudo.

 

Além disso, aumentou significativamente a proporção dos entrevistados que afirma que conseguiria pagar as despesas por mais de seis meses, se perdesse a principal fonte de rendimento (24,3% em 2020 e 13,7% em 2015).

 

Entre os entrevistados que diz que o rendimento não chegou para cobrir o custo de vida, cerca de metade reduziu as despesas, 28,6% foi às poupanças ou pediu dinheiro emprestado à família e amigos e 17,1% trabalhou mais tempo para ganhar mais dinheiro. Só 4,3% deixou as contas por pagar, contra 10,9%, em 2015.

 

"A maioria dos entrevistados revela atitudes e comportamentos financeiros adequados, uma vez que pondera as suas despesas, evita as compras por impulso, controla o orçamento familiar e preocupa-se com o futuro", revela o estudo. "Em 2020, verificam-se melhores resultados do que em 2015 nos comportamentos relacionados com a impulsividade das compras, ainda que os entrevistados tendam a concordar mais com a afirmação ‘o dinheiro existe para ser gasto’", acrescenta o documento.

 

Maior planeamento para a reforma

 

Os portugueses mostraram-se ainda mais tranquilos em relação ao planeamento da reforma – 43,9% dizem estar confiantes com o planeamento, contra 36,5% em 2015 – e há mais aforradores a recorrer a plano de poupança privado para financiar esta fase.

 

Cerca de 15,2% (11,9% em 2015) diz que vai recorrer a um plano de poupança privado para financiar a reforma ou a um fundo de pensões constituído pela empresa onde trabalham (4,4% em 2020 e 2,9% em 2015).

 

A maioria dos entrevistados (84,5%) afirma, contudo, que irá financiar a sua reforma através dos descontos para a segurança social ou outro regime contributivo obrigatório. Cerca de 24% dos entrevistados pretendem utilizar o dinheiro que pouparam, 17,6% afirmam que vão continuar a trabalhar e os outros 13% referem a ajuda do cônjuge ou companheiro.

 

Portugal em 7.º lugar no "ranking"

 

Em termos de literacia, Portugal subiu três lugares no "ranking", face ao último estudo. Ficou em 7.º lugar no indicador global de literacia financeira, entre os 26 países participantes.

 

"Os resultados positivos de Portugal nestes indicadores assentam no facto de a maioria dos entre- vistados evidenciar hábitos adequados de planeamento do orçamento familiar e da poupança, ao mesmo tempo que demonstram pouca tendência para compras por impulso e para comportamentos associados a situações de incumprimento", aponta o estudo hoje divulgado.

 

Já no que diz respeito a conhecimentos financeiros, Portugal compara mal, ficando abaixo da média dos países participantes no exercício de comparação internacional no indicador de conhecimentos financeiros.

 

Menos de metade dos entrevistados (42,5%) calcula corretamente juros simples, proporção que desce para 31% nos juros compostos. Ainda assim, a generalidade dos inquiridos (87,4%) responde corre­tamente ao valor de juros a pagar num empréstimo de 25 euros por um dia e mais de metade (55,5%) reconhece a perda de poder de compra decorrente da inflação.

 

Menos de metade dos entrevistados (45,1%) reconhece a relação entre risco de investimento e diversificação da carteira, ao concordarem com a afirmação "geralmente é possível reduzir o risco de investimento no mercado de capitais se comprarmos um conjunto diversificado de ações".

Ver comentários
Saber mais literária financeira poupança CNSF estudo ações criptomoedas reforma
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio