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Preços do crude superam de novo 119 dólares nos EUA
Os preços do petróleo tiveram tudo para ganhar fortemente na sessão de hoje dos mercados internacionais. Ataques, greves e problemas técnicos afectaram a produção de várias empresas e países. O Brent do Mar do Norte, crude que serve de referência a Portug
Os preços do petróleo tiveram tudo para ganhar fortemente na sessão de hoje dos mercados internacionais. Ataques, greves e problemas técnicos afectaram a produção de várias empresas e países. O Brent do Mar do Norte, crude que serve de referência a Portugal, atingiu um novo máximo histórico, acima dos 117 dólares, e o crude norte-americano voltou a cotar-se acima dos 119 dólares.
O contrato de Junho do Brent [co1] seguia a ganhar 2,34% para 117,02 dólares por barril no mercado londrino, depois de já ter chegado aos 117,56 dólares, novo máximo de sempre.
Nos Estados Unidos, apesar de o West Texas Intermediate [cl1] ainda não ter superado o recorde de 119,90 dólares que atingiu na terça-feira, esteve também a valorizar fortemente. O WTI para entrega em Junho seguia a subir 2,58% em Nova Iorque, para 119,06 dólares por barril, depois de já ter chegado hoje aos 119,55 dólares.
O petróleo poderá não ter chegado mais longe por força da solidez do dólar, que hoje continuou a levar a melhor sobre o euro. Recorde-se que as "commodities" começaram a ser cada vez mais atractivas para os consumidores que pretendem compensar a desvalorização de 15% da nota verde contra o euro no ano passado.
Os preços estiveram a ser sustentados por uma variedade de motivos. A BP anunciou que vai fechar amanhã um oleoduto do Mar do Norte que transporta cerca de 40% da produção britânica de crude e o ministro nigeriano da Energia disse que metade da produção do país foi cortada devido ao clima de violência e a greves. Além disso, houve notícias de que um barco norte-americano disparou contra barcos iranianos e a Total teve de encerrar uma plataforma na Líbia por motivos de segurança.
A BP anunciou que vai encerrar durante dois dias o Forties Pipeline System, devido a uma greve de dois dias numa refinaria na Escócia. Este oleoduto transporta cerca de 700.000 barris diários de crude proveniente de mais de 50 campos petrolíferos do Mar do Norte.
Na Nigéria, o Movimento pela Emancipação do Delta do Níger anunciou ter feito detonar um oleoduto da Shell em Kula – região responsável pelo petróleo que segue para o terminal de exportação Bonny Light, salienta a Bloomberg. Além disso, cerca de 90% da produção nigeriana da Exxon Mobil, estimada em 850.000 barris diários, foi suspensa devido a uma greve.
Por outro lado, a Mabruk Oil Operations, subsidiária da francesa Total, anunciou a suspensão temporária da produção no campo "offshore" líbio de Al-Jurf. Durante uma operação de extracção num dos poços B18, registou-se um desvio na trajectória, o que danificou a produção no poço adjacente (B12). Por razões de segurança, todas as plataformas naquele campo foram encerradas.
Um outro acontecimento esteve igualmente a impulsionar os preços: a notícia de que militares norte-americanos tinham feito disparos de advertência contra embarcações iranianas, numa altura em que o Pentágono voltou a lançar avisos a Teerão. Segundo o "Washington Post", o Pentágono diz estar decidido a combater "a influência cada vez mais maligna e letal do Irão" sobre o Iraque.
Crude nos 200 dólares no final do ano
Entretanto, o economista Philip Verleger disse à Bloomberg que o preço do crude pode atingir os 200 dólares por barril no final deste ano, uma vez que as refinarias estão a aumentar as suas compras de petróleo com baixo teor de enxofre para produzirem gasóleo.
O gasóleo com baixo teor de enxofre alimenta a maioria dos camiões e carros a diesel nos EUA. Para produzirem este combustível, as refinarias estão a comprar qualidade de petróleo mais dispendiosas, tais como o WTI, salientou Verleger, presidente da PKVerleger, em entrevista à Bloomberg.
"É concebível que o petróleo chegue aos 200 dólares por barril no final do ano. Se o crescimento económico retomar, teremos pouco diesel para o que será procurado e não há outra forma de colmatar a lacuna", salientou.