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Noruega vai sacar 35 mil milhões do fundo soberano para apoiar economia

A retirada sem precedentes supera em quatro vezes o recorde anterior da Noruega, em 2016.

12 de Maio de 2020 às 16:16
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A Noruega pretende retirar um recorde de 382 mil milhões de coroas norueguesas (35 mil milhões de euros) do fundo soberano, uma medida que obrigará o maior investidor soberano do mundo a embarcar numa histórica venda de ativos para gerar liquidez.

 

A retirada sem precedentes supera em quatro vezes o recorde anterior da Noruega, em 2016. A decisão revela a escala do impacto económico causado pelas crises gémeas da covid-19 e colapso do mercado global de petróleo. A Noruega, maior exportadora de petróleo da Europa Ocidental, enfrenta a pior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial.

 

Pela primeira vez, o governo da Noruega deve retirar consideravelmente mais do que o fundo de 1 bilião de dólares gera em dividendos e pagamentos de juros. O fundo, gerido pelo Norges Bank (banco central do país), não forneceu uma estimativa para a receita deste ano, mas disse que deve ser menor do que o esperado anteriormente, já que as empresas reduzem os pagamentos aos acionistas. O "cash flow" do fundo foi de 243 mil milhões de coroas (30 mil milhões de euros) no ano passado, pelo que a venda de ativos deve gerar 124 mil milhões de coroas (11 mil milhões de euros).

 

Como a liquidação de ativos agora é inevitável, é provável que o fundo concentre as vendas no portfólio de obrigações. Isto porque tem de aumentar a posição em ações depois de a carteira destes títulos ter ficado abaixo da meta exigida de 70% do total.

 

O governo da Noruega usa recursos do petróleo para financiar défices orçamentais todos os anos. Até 2016, o chamado défice estrutural corrigido pelo petróleo estava coberto pelos rendimentos do estado com a matéria-prima, como impostos, participações em campos offshore e dividendos da Equinor. Desde que gere excedente, o governo pode depositar dinheiro no fundo. Em 2016 e 2017, os depósitos foram substituídos por saques, uma vez que a receita do petróleo diminuiu devido à queda dos preços. Mas o fundo ainda conseguiu facilmente cobrir o valor com o dinheiro gerado pelos investimentos.

 

Em 2020, tudo mudou. O governo espera agora gastar um recorde de 420 mil milhões de coroas (39 mil milhões de euros) de recursos do petróleo nos pacotes da crise para apoiar a sua economia. E o colapso da receita do petróleo aumenta o choque. O governo prevê que o "cash flow" das atividades petrolíferas encolha 62%, para 98 mil milhões de coroas (9 mil milhões de euros), o nível mais baixo desde 1999.

 

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