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Março "não é o pico" dos juros. "Não terminámos", garante Lagarde

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) garante que as taxas de juro vão continuar a subir ao longo dos próximos meses. Além de um aumento de 50 pontos base decididos esta quinta-feira, a autoridade avançou que vai repetir em março.

Reuters
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"Não terminámos". A mensagem central da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, é que as taxas de juro de referência na Zona Euro não vão parar de subir nos próximos meses. Além de ter decidido um aumento na reunião desta quinta-feira, avançou que o voltará a fazer março. E esse não será o pico.

Os governadores decidiram subir as três taxas em 50 pontos base no primeiro encontro de política monetária do ano. Avançou igualmente que o conselho do BCE tenciona aumentar as taxas de juro em mais 50 pontos base na próxima reunião, em março, e avaliará então a trajetória subsequente da política monetária.

A presidente explicou que houve consenso entre os membros sobre esta decisão, apesar de sublinhar que não é um compromisso "irrevogável". Questionada sobre o que esperar depois de março, Lagarde respondeu: "Não é o pico, ainda temos mais para fazer. Sabemos que temos caminho a percorrer, que não terminámos".


A partir de 8 de fevereiro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passa para 3%, enquanto as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez avança para 3,25% e a taxa aplicável à facilidade permanente de depósito será aumentada para 2,5%.

Ao longo de 2022, o BCE subiu as taxas de juro – pela primeira vez desde 2011 – quatro vezes, num total de 200 pontos-base. O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) recuou em janeiro, mas está ainda em 8,5% (face a 9,2% em dezembro). Já a inflação subjacente, que permite medir o nível de enraizamento da inflação na economia, está em 7%.


"Vou repetir o que sei, que é vamos fazer a inflação regressar a 2% de forma atempada e para isso temos de estar em território restritivo. Vamos usar as taxas de juro para o fazer. Ainda não estamos nesse ponto, nem estaremos em março. O que vai acontecer a seguir vai ter em consideração o caminho que temos a percorrer. É não só mover-nos para território restritivo como mantermo-nos lá", afirmou, acrescentando que as subidas dos juros poderão ser de 50 ou 25 pontos. "O que for preciso".

Escudo não é linha da frente, mas pode ser usado

A par da decisão sobre os juros, o Conselho do BCE decidiu também sobre as modalidades de redução da compra de dívida no âmbito do programa de compra de ativos (APP). O banco central tinha já avançado, em dezembro, que iria reduzir a carteira do APP diminuirá, em média, 15 mil milhões de euros por mês, a partir do princípio de março até ao final de junho de 2023.

Explicou agora como irá funcionar: o
s reinvestimentos parciais serão realizados, de um modo geral, em conformidade com a prática atual. Mais especificamente, os montantes de reinvestimento remanescentes serão afetados de forma proporcional à quota-parte de reembolsos de cada um dos programas, de forma proporcional aos reembolsos por jurisdição e emitentes.

Quanto às aquisições de obrigações de empresas, os reinvestimentos "privilegiarão mais fortemente" emitentes com um melhor desempenho climático. "Sem prejuízo do objetivo do BCE de estabilidade de preços, esta abordagem apoiará a descarbonização gradual das posições do Eurosistema em obrigações do setor empresarial em consonância com as metas do Acordo de Paris", referiu.

Christine Lagarde foi ainda questionada sobre o Instrumento de Proteção da Transmissão (TPI), que foi lançado há seis meses para evitar o risco de fragmentação na Zona Euro e nunca foi usado. "O TPI teve como intenção proteger a transmissão a toda a Zona Euro. Será usado, se for necessário. Não é a primeira linha de defesa, mas existe e está disponível. Será usado se for necessário", garantiu.

(Notícia atualizada às 15:00)
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