Notícia
Mais um dia negro à vista nos mercados mundiais
Os futuros sobre o S&P500, o Euro Stoxx 50 e o índice da bolsa da Austrália estão a cair mais de 4%.
A Arábia Saudita não lançou o caos apenas no mercado petrolífero. Quase todos os ativos cotados estão a reagir de forma extrema à opção do maior produtor de petróleo do mundo de entrar numa guerra de preços com a Rússia.
Com o colapso da OPEP+, que nos últimos quatro anos controlou os preços do petróleo, a Arábia Saudita vai aumentar a produção, admitindo atingir níveis recorde. Além disso, reduziu os preços do petróleo, para inundar o mercado com o seu petróleo e roubar clientes à Rússia e outros produtores que não alinharam no corte da produção.
Como era de esperar, o petróleo reagiu com uma queda abrupta. As cotações do Brent chegaram a descer mais de 30% e a negociar na casa dos 30 dólares por barril, na maior queda desde a Guerra do Golfo em 1991.
Mas as bolsas também estão a sofrer com a jogada de alto risco dos sauditas. Depois de duas semanas de quedas acentuadas devido à propagação do coronavírus à escala global, os futuros sobre os índices apontam para mais um dia de quedas violentas nos mercados acionistas.
Os futuros sobre o S&P500 afundam 4,74%, apontando para uma abertura de vermelho carregado esta segunda-feira em Wall Street. A negociação chegou a estar suspensa depois da queda atingir o limite máximo de 5%. Na sexta-feira os índices norte-americanos ainda ensaiaram uma recuperação acentuada, passando de quedas a rondar os 4% para fecharem com uma desvalorização em torno 1%.
Na sessão asiática as ações também devem sofrer perdas fortes. Os futuros sobre o ASX 200, principal índice da bolsa de Sidney (Austrália), caem 4,1%. Em Tóquio o Topix e o Nikkei afundam mais de 3%.
Juro das obrigações dos EUA abaixo de 0,5%
A queda do petróleo terá o impacto mais acentuado nas cotações das petrolíferas, mas esta variação extrema no preço da matéria-prima está a servir para que os investidores reforcem a fuga para ativos mais seguros, como a dívida soberana e algumas moedas, diminuindo o peso das ações nas suas carteiras.
A "yield" das obrigações dos EUA a 10 anos está abaixo de 0,5% pela primeira vez. A taxa dos títulos a 10 anos está, também pela primeira vez, abaixo de 1%. No japão a taxa de juro dos títulos a 10 anos situa-se abaixo de -0,2%.
Desde que os investidores começaram a mostrar uma maior apreensão com o impacto económico do coronavírus (meados de fevereiro), os principais índices mundiais encetaram uma tendência de queda acentuada (interrompida por algumas sessões de fortes recuperações). O S&P500 acumula uma queda de 8% este ano e o europeu Stoxx600 afunda 11,79%. Em Lisboa o PSI-20 cai 10,41%.
"Ainda é cedo para podermos dizer que já atingimos o fundo", escreveu Satya Pradhuman, diretor da Cirrus Research numa nota a clientes, explicando que os "spreads no crédito vão alargar-se ainda mais e que as revisões em baixa para as estimativas de resultados das empresas devem continuar a ser revisTos em baixa".
No mercado cambial as variações também estão a ser acentuadas em algumas moedas, sobretudo de países produtores de petróleo. É o caso da coroa norueguesa, que atingiu um mínimo de 1985 face ao dólar. E do peso mexicano, que caiu para mínimos de janeiro de 2017 face à moeda norte-americana.
O euro, que tem sido um dos vencedores nas últimas sessões, está a disparar 0,75% para 1,1369 dólares. No mês passado atingiu mínimos de vários anos abaixo de 1,09 dólares.