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Maioria dos portugueses não consegue poupar nem comprar casa

Dois terços reconhecem não ter capacidade para adquirir ou recuperar uma casa, 54% não conseguem poupar, sendo que 42% nem sequer possuem depósitos, revela um inquérito da Imovendo a 1.280 proprietários ou compradores activos de imóveis.

João Miguel Rodrigues
22 de Julho de 2023 às 15:16
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"A taxa de inflação alta, aliada a taxa de juros altíssimas, estão a dar cabo de nós. Vamos perder tudo"; "não só não poupo como não chega"; "não se consegue comprar uma casa por causa dos juros, nem arrendar, porque não se encontra, e quando se encontra é uma fortuna"; "o meu marido vendeu a nossa casa agora, lucrando 140 mil euros, no entanto, agora é difícil comprar".

 

Estes são alguns dos comentários recebidos pela "proptech" Imovendo, no âmbito de um inquérito que realizou a 1.280 proprietários activos de imóveis, com o objectivo de compreender o atual panorama financeiro dos portugueses e as implicações no setor imobiliário.

 

Quatro grandes conclusões: Cerca de 42% dos portugueses não possui depósitos e quase 54% não consegue poupar dinheiro ao final do mês, destacando-se, ainda, que 64% reconheceram não ter capacidade para comprar ou recuperar uma casa, sendo que 14,8% revela que conseguiria comprar casa, mas não o faz por receio, devido à conjuntura económica e financeira do país e à instabilidade do mercado imobiliário.

 

"Os dados do inquérito são uma clara indicação dos desafios financeiros que muitos compradores enfrentam atualmente. É alarmante observar que 64% dos inquiridos não possuem a capacidade de comprar uma casa. É uma área que nos preocupa e o setor tem de estar empenhado em fornecer soluções inovadoras e acessíveis, como temos tentado fazer, a fim de ajudar mais pessoas a alcançarem o sonho da casa própria", considera Miguel Mascarenhas, cofundador da Imovendo.

 

Com 53,9% dos participantes no inquérito a afirmarem que não conseguem poupar, regista-se que uma parte considerável mostrou-se mais optimista - 16,4% acreditam que conseguem poupar mais do que a média portuguesa.

 

Relativamente à taxa de investimento em habitação, os resultados mostram uma variedade de perspetivas entre os inquiridos - além dos 64% que não têm capacidade para comprar casa, 20,3% dos participantes afirmaram ter capacidade para comprar uma casa, mas não têm interesse neste momento.

 

Por outro lado, três em cada quatro inquiridos afirmaram ser afetados pelo aumento do preço das casas e apenas 10,2% declararam-se beneficiados por essa tendência, com 12,5% a revelarem que o aumento dos preços das casas os motiva a vender a sua propriedade.

 

Apenas 7% consideram mais vantajoso ter dinheiro no banco

 

Em matéria de opções de investimento, apenas 7% dos inquiridos consideram mais vantajoso ter dinheiro no banco, enquanto 29,7% acreditam que investir em imobiliário é a melhor opção.

 

Já 20,3% admitem que têm depósitos a prazo, mas não têm certeza se essa é a melhor escolha. Mais de 42% dos inquiridos afirmaram não ter depósitos, enquanto 0,8% mencionaram possuir certificados de aforro.

 

Em relação às taxas de juro no crédito à habitação, o estudo da Imovendo revelou que 23,4% dos inquiridos sentem-se impedidos de comprar casa devido ao aumento das taxas de juro, com 54,7% a expressarem preocupação com o aumento das taxas de juro e o seu impacto no orçamento familiar

 

Apenas 15,6% dos inquiridos afirmaram que o aumento das taxas de juro não os afeta.

 

"À procura de casa desde 2021. Ambos ganhamos acima da média e não conseguimos comprar um T3 em Lisboa", queixou-se um dos inquiridos.

 

"Dentro do contexto actual os bancos estão ser lucros. Deveriam ter vergonha de os demonstrar ao público em geral, que está em grandes dificuldades para cumprir com o pagamento da habitação levando muitos a entregá-la ao banco. É inconstitucional", considera outro dos participantes no inquérito da Imovendo.  

 

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