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Investimentos ecológicos serão rentáveis a curto prazo
"Um ambiente instável poderá levar à instabilidade social e económica." Esta frase de Gordon Brown, o próximo primeiro-ministro de Inglaterra, resume as preocupações que marcaram o colóquio "mercados financeiros e ambiente", organizado pelo banco Best.
"Um ambiente instável poderá levar à instabilidade social e económica." Esta frase de Gordon Brown, o próximo primeiro-ministro de Inglaterra, resume as preocupações que marcaram o colóquio "mercados financeiros e ambiente", organizado pelo banco Best.
Do encontro, que encheu o pequeno auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), a principal conclusão foi de que é necessário investir para salvar o planeta e que esse investimento pode dar dinheiro: aposte-se em energias renováveis, tratamento de resíduos ou em água.
Em complemento, há o investimento socialmente responsável, em empresas que trabalham para ajudar a desenvolver países de terceiro mundo e no apoio às suas populações, seja o investimento em infraestruturas ou em empresas que prestam serviços básicos. Com o crescimento dessas economias, os investimentos só podem dar bons retornos, dizem os especialistas.
"A sensibilidade para os problemas ambientais está a aumentar e a expandir-se por todo o planeta", afirmou Nicolas Huber, director de investimento da DWS, gestora do Deutsche Bank.
Este gestor, tal como quase todos os que o precederam, considera que as empresas terão obrigatoriamente de caminhar no sentido de investir muito mais em ambiente, dadas as legislações que agora estão em vigor. "Quem poluir vai ter custos mais altos, devido às emissões de CO2 para a atmosfera", acrescentou o mesmo gestor. O seu fundo, que vai entrar agora em Portugal, captou um investimento de 570 milhões de euros em apenas três meses junto de pequenos investidores na Alemanha. Isto demonstra bem a força do investimento ambiental.
A mesma opinião tem Sandy Christie, da BlackRock Merrill Lynch. O gestor considera que a importância das energias renováveis no mercado energético quase vai triplicar em 25 anos. Em 2004, o mercado das energias limpas valia o equivalente a dois mil milhões de barris de petróleo. Em 2030 vai atingir 5,5 mil milhões de barris de petróleo, ou 5,1% do mercado da energia. Para ele, as multas também serão um factor essencial para sustentar um maior investimento empresarial em medidas que protejam o ambiente.
Outro ponto fundamental para o mercado energético será a questão política. Os governos estão a ceder cada vez mais à pressão da opinião pública sobre as questões ambientais, com este ponto a alcançar cada vez mais importância na agenda política. Veja-se as cedências (se bem que limitadas) feitas pelos EUA quanto à aplicação de restrições à poluição ambiental.
Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia no Governo de Cavaco Silva, preferiu alertar para as restrições que acontecerão no mercado petrolífero. "A época do petróleo barato terminou e a substituição deste combustível pelo gás natural também não é a melhor hipótese". Convidado a analisar a aplicação das energias renováveis a Portugal, Mira Amaral, gosta do potencial da energia eólica e da distribuição de células solares, mas chamou a atenção para a energia hidroeléctrica. "Desde Foz Coa que se esqueceu das potencialidades deste modo de produção", considera.