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FMI: Desconexão entre mercados e economia real aumenta risco de nova derrocada

A instituição liderada por Kristalina Georgieva alertou para a falta de ligação entre os mercados financeiros e a economia real, no relatório de estabilidade financeira global, mostrando que essa dissociação pode resultar numa queda do valor dos ativos.

Os investidores que prefiram ficar longe do sobe e desce do mercado podem privilegiar uma abordagem mais defensiva. Os fundos multiactivos podem ser uma boa alternativa para quem pretende obter retornos, mas não quer assumir riscos demasiado elevados.

Os fundos multiactivos ajustam-se a praticamente todos os investidores, uma vez que existem produtos com uma estratégia de investimento mais defensiva, equilibrada e agressiva. Apesar da instabilidade registada nos mercados accionistas nas últimas semanas, são os multiactivos agressivos, com maior exposição ao mercado accionista, que apresentam as melhores rendibilidades. Rendem, em média, 0,9% nos últimos três meses. Já os fundos que privilegiam uma estratégia mais equilibrada somam 0,81%, segundo os dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP).

Ao investirem em diversas classes de activos, estes produtos de poupança reduzem o risco resultante de oscilações bruscas nos mercados financeiros. Ou seja, se as bolsas mundiais registarem quedas acentuadas enquanto está a banhos, a exposição a outros activos, como a dívida ou cambial, vai atenuar o efeito negativo das acções na carteira. No entanto, caso os problemas nos mercados aliviem e as bolsas registem subidas elevadas, esses fundos não irão obter retornos tão expressivos.
Reuters
25 de Junho de 2020 às 14:55
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A desconexão entre os mercados e o mundo real aumenta o risco de outra correção dos preços dos ativos, o que deverá precipitar uma fuga dos investidores aos ativos de maior risco, travando assim uma recuperação mais célere. Esta é uma das conclusões inscritas no relatório de estabilidade financeira global do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta quinta-feira. 

De acordo com a entidade liderada por Kristalina Georgieva, a diferença entre os preços dos ativos nos mercados e a avaliação dos fundamentais económicos está perto de máximos históricos nas maiores economias do mundo. "Nos mercados de ações, os períodos de 'bear' (quando os ativos caem mais de 20% face ao último pico em alta) ocorreram antes e durante períodos de siginficativa pressão económica", com uma recuperação ténue consequente, pode ler-se no relatório. 

Mas nesta altura, o abismo que se vive entre o mundo bolsista e o mundo real é evidente. Mesmo com a atual pandemia, que ainda não deu tréguas, com uma recessão histórica, com a permanente guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e com a revolta popular na sequência do homicídio de um homem aos joelhos de um polícia, as bolsas em todo o mundo continuam em alta. Nos Estados Unidos, O Nasdaq Composite voltou a renovar máximos históricos e já leva um ganho acumulado neste ano superior a 10%. Também o norte-americano S&P 500 já conseguiu obter um saldo positivo em 2020, apesar de ter voltado a recuar. 

"O sentimento 'bullish' entre os investidores apoia-se no forte apoio das políticas tomadas no meio de tantas incertezas sobre a extensão e a velocidade da recuperação económica. Os mercados parece estar a contar com uma rápica recuperação em 'V' da atividade, como ilustram as previsões dos ganhos das empresas do S&P 500", diz o FMI. 

Contudo, mostra o FMI que "os recentes dados económicos e indicadores, sugerem uma queda maior do que o esperado", como mostra o relatório de junho da entidade. As estimativas reveladas ontem por Georgieva apontavam para uma queda de 4,9% do PIB mundial este ano, bem pior do que a contração de 3% antecipada em abril.


No caso da Zona Euro, a previsão do FMI aponta para uma quebra inédita de 10,2% no PIB dos países que partilham o euro, bem pior do que o antecipado em abril (-7,5%).

"Isto cria uma divergência entre o preço do risco nos mercados financeiros e as previsões económicas, como os investidores aparentemente a apostarem num contínuo e sem precedente suporte por parte dos bancos centrais", refere a instituição no relatório, acrescentando que "esta tensão pode ser ilustrada, por exemplo, pelo recente 'rally' nos mercados de ações nos Estados Unidos, por um lado, e pela queda da confiança no consumo, por outro". 


A entidade criada em 1944, na conferência de Bretton Woods, mostra que "esta dissociação levanta questões sobre a possível sustentabilidade do atual mercado de ações". 

Durante o primeiro trimestre deste ano, o novo coronavírus causou a queda mais repentina desde 1946, segundo a Allianz, nos mercados financeiros, tendo em conta a média de todos os anteriores onze "bear markets". Precisou apenas de 20 dias de negociação para tombar para o "território dos ursos". Mas se a queda foi célere, a recuperação para "bull market" não lhe ficou atrás: foram necessários apenas 11 dias. Nos 50 dias que se seguiram aos mínimos de 23 de março, o S&P 500 valorizou 39,3%, o que representa a maior valorização nesse mesmo intervalo de tempo desde 1952.

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