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Estado de saída do capital de risco? "É um cenário, sinceramente", diz ministro da Economia
Pedro Reis reconhece que tem de ser feita "reflexão" sobre investimento do Estado em participações de capital, apontando que todos os cenários, incluindo "sair" têm de ser analisados.
O ministro da Economia, Pedro Reis, admite a hipótese de o Estado "sair" do capital de risco, considerando que deve ser feita uma "reflexão" sobre o investimento do Estado, após ter sido confrontado com as perdas acumuladas da Portugal Ventures.
"Acho que é um dos cenários que tem de se colocar, sinceramente", afirmou Pedro Reis, ao ser questionado sobre a privatização do portefólio da Portugal Ventures e sobre a eventual extinção da sociedade de capital de risco do Estado, durante uma audição no parlamento durante a apreciação na especialidade da proposta do Orçamento do Estado para 2025.
"É um possível cenário - assumindo no tempo e protegendo o 'exit' (saída) - considerar a venda de participações ou de carteiras - teremos de ver. Não estou a dizer que será solução, mas recuso descartá-la como opção", reconheceu o governante.
E foi mais longe ao deixar claro ser "um tema que tem de ser avaliado no mandato do Banco Português de Fomento".
"Tenho vindo a abordar com a atual administração porque acho mesmo que é preciso parar para pensar sobre qual o sentido de uma Portugal Ventures ou de o Estado investir em participações de capital e, especificamente, no capital 'semente' ou em áreas de muita 'expertise' que implicam consistência e profundidade na decisão do investimento que importa avaliar se existe dentro das equipas da Portugal Ventures".
"É esse trabalho de reflexão que nos propomos fazer com o próprio acionista", sublinhou.
A Portugal Ventures, criada em 2012, integra o setor empresarial do Estado e é responsável pelo investimento público de capital de risco.
Segundo uma análise às contas, feitas pelo jornal Público, em 12 anos, a sociedade de capital de risco do Estado tinha perdas acumuladas de 123,7 milhões em quase 300 desinvestimentos, invocando o "legado significativo" da carteira herdada, um ponto a que Pedro Reis também aludiu.