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Credit Suisse e Nomura apanhados no colapso do Archegos sofrem fortes quedas em bolsa  

Os bancos que estão expostos ao Archegos Capital Management começam a divulgar a exposição a este "familly office" que foi obrigado a despejar ações na sessão de sexta-feira através de vendas em bloco.

Bill Hwang é o CEO do Archegos Capital Management Emile Wamsteker/Bloomberg
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O Credit Suisse e o Nomura estão a ser fortemente penalizados em bolsa depois de terem comunicado ao mercado que estão expostos ao Archegos Capital Management, um "family investment office" que entrou em colapso.

 

As ações do Credit Suisse caem 10,87% para 11,115 francos suíços no arranque da sessão. Antes da abertura, o banco emitiu um curto comunicado onde diz que depois de um "hedge fund" ter sido incapaz de reforçar as margens, o Credit Suisse e outros bancos estão a alienar essas posições.

 

"Apesar de nesta altura ser prematuro quantificar a soma exata das perdas que resultam deste processo, podem ser altamente significativas para os nossos resultados do primeiro trimestre", reconhece o Credit Suisse.

 

O Nomura efetuou um anúncio semelhante, assumindo que pode registar perdas em redor de 2 mil milhões de dólares, o que levou o banco japonês a sofrer uma queda de 16,3% em bolsa.

 

O Credit Suisse e o Numura não identificam o investidor a que estão expostos, mas a imprensa avança que se trata do Archegos Capital Management, uma gestora de patrimónios familiares que investe em ações com operações alavancadas (recorrendo a empréstimos).

 

A queda acentuada das ações da ViacomCBS (e outras empresas de media) na semana passada colocou o Archegos em dificuldades, pois os bancos credores do "family office" começaram a exigir reforços de margens.

 

Como o Archegos não conseguiu cumprir estes reforços (chamados de margem), os bancos começaram a liquidar as posições acionistas deste investidor, transacionando em bolsa elevados blocos de ações na sessão de sexta-feira.

 

Segundo a Bloomberg, a Archegos vendeu ações no valor de mais de 20 mil milhões de dólares na última sessão. Os títulos em causa vão desde gigantes tecnológicas chinesas a conglomerados norte-americanos dos media, disseram duas fontes à agência noticiosa, sendo que o valor de mercado das empresas envolvidas afundou mais de 30 mil milhões de dólares.

 

Estas transações foram efetuadas pelo Goldman Sachs e pelo Morgan Stanley na sexta-feira, num movimento que gerou um mistério em Wall Street com muita especulação sobre qual seria o fundo que estava em dificuldades e a despejar ações no mercado.

 

Além do Credit Suisse e do Nomura, haverá mais bancos expostos a perdas potencias no Archegos. Segundo a Bloomberg, o Goldman Sachs já comunicou a acionistas e clientes que as perdas são imateriais e que o banco foi dos primeiros a conseguir reduzir a exposição ao investidor. 

 

 

Este "family investment office" – entidade de gestão e investimento do património de famílias com elevadas fortunas – é gerido por Bill Hwang, que trabalhou como analista de ações na Tiger Management e que fundou e geriu o fundo de cobertura de risco Tiger Asia entre 2001 e 2012

 

Trata-se de um "family investment office" especializado na negociação de empresas cotadas sobretudo nos EUA, China, Japão, Coreia do Sul e Europa, e sabe-se então agora que também está por detrás das vendas de sexta-feira na bolsa norte-americana. 

 

O Morgan Stanley negociou cerca de 13 mil milhões de dólares de ações, incluindo da Farfetch, Discovery, Baidu e GSZ Techedu, referiram as mesmas fontes, que pediram anonimato.

 

O Goldman Sachs, por seu lado, vendeu o equivalente a 6,6 mil milhões de dólares de ações da Baidu, Tencent Music Entertainment Group e Vipshop Holdings antes da abertura regular do mercado norte-americano, explica um email a clientes a que a Bloomberg News teve acesso.

 

A essas transações seguiu-se a venda do correspondente a 3,9 mil milhões de dólares de títulos da ViacomCBS e da iQiyi, diz o mesmo email.

  

Em dezembro de 2012, Bill Hwang admitiu ter usado informação confidencial, de forma ilegal, para negociar ações da banca chinesa – e nessa altura chegou a acordo com a Justiça para o pagamento de indemnizações que superaram os 60 milhões de dólares.

 

As vendas forçadas da Archegos devem-se às "chamadas de margem" (margin calls, que são valores de cobertura adicionais - valor exigido como garantia em operações de investimento com maior risco) devido às posições altamente alavancadas. A chamada de margem é acionada quando a utilização da margem atinge 100%. Assim, à medida que o risco da operação aumenta, pode ser chamada mais margem de garantia.

 

O colapso do Archegos volta a colocar na ribalta o cada fez mais habitual recurso dos grandes investidores de Wall Street a empréstimos para investir em bolsa, pois a alavancagem das operações também multiplica o risco das mesmas, sobretudo em alturas de variações bruscas.

 

Para já a queda do Archegos não está a assustar os investidores, já que os mercados acionistas seguem em alta no arranque da semana.

 

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