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Cotadas querem choque fiscal e criar "acções de lealdade"
Associação portuguesa de emitentes elenca propostas no âmbito da Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas. Objectivos são a simplificação, a dinamização do mercado e a desalavancagem das empresas.
As mexidas sugeridas, às quais o Negócios teve acesso, passam por exemplo pela criação de "acções de lealdade", no fundo acções que dariam direito a mais votos por serem detidas durante mais tempo, combatendo assim a visão de curto prazo de alguns investidores. Neste caso, a associação defende apenas a sua admissibilidade nas empresas cotadas, e as acções perderiam os seus "superpoderes" quando fossem transmitidas (não são acções especiais).
De acordo com a proposta da AEM, esta solução seria admissível à partida a empresas que ainda não dispersaram capital; para as que já estão cotadas, seriam criadas salvaguardas, nomeadamente uma forte maioria qualificada exigida para mudar os estatutos neste ponto e a garantia de que quem votasse contra esta alteração poderia vender as suas acções.
Abel Ferreira, director executivo da AEM, explica que a ideia "é dar mais flexibilidade às empresas em, termos do tipo de acções e seus poderes". Ou seja, que a lei permita outros tipos de acções e de direitos, "à semelhança do que já acontece em muitos países europeus".
Há ainda uma série relevante de propostas para o segmento das obrigações, para o processo de consulta e legislativo a nível europeu e de transposição de directivas e um pacote fiscal.
Aqui a AEM sugere um abatimento fiscal (com limites) ao investimento "em títulos de capitais próprios de empresas cotadas, eventualmente mediante condições de manutenção mínima desses títulos durante um certo período e de concentração máxima por empresa". Também com aplicação aos investidores singulares, pede-se uma descida na tributação dos dividendos e das mais-valias. No âmbito das próprias empresas, avança-se a mudança do regime de 'participation exemption', e a "majoração de 200%, para efeitos de IRC, dos gastos suportados pelas empresas em operações de emissão e admissão de acções a mercados organizados", entre várias outras medidas.
O trabalho multidisciplinar da Unidade de Missão para a Capitalização das Empresas está ainda em curso, esperando-se para os próximos meses a sua conclusão e o reflexo desse trabalho em alterações legislativas.
Outras propostas da AEM
• Criação de um Mecanismo permanente de diálogo em matéria de direito europeu.
• Maior flexibilidade na transposição de directivas, tanto no conteúdo que é de livre escolha
dos Estados como do seu ‘timing’.
• Revisão profunda dos procedimentos declarativos, em sede de IRS, no que se refere
a operações de mercado de capitais.
• Revisão do regime jurídico dos fundos de investimento.
• Reposição dos incentivos ao aforro em fundos de investimento (PPR’s e PPA’s).