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Com o mundo fechado em casa, 2020 foi o ano de a Bitcoin voltar a desconfinar

A criptomoeda mais famosa do mundo voltou a renovar máximos históricos no ano que agora finda, com o confinamento a aguçar o apetite pelo investimento neste tipo de ativo.

01 de Janeiro de 2021 às 18:00
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Quem ande mais alheado do mundo das criptomoedas poderá achar estranho como é que uma moeda em que não é possível tocar e pouco útil para as compras do dia-a-dia poderá valer tantos dólares. Mas a verdade é que, com o passar dos anos, será cada vez mais provável que uma unidade desta que é a moeda digital mais famosa do mundo valha cada vez mais.

Este ano, a bitcoin conheceu vários novos capítulos na sua história. Mas comecemos pelo início. Em maio, a capacidade de processar novas moedas caiu para metade, num processo conhecido como "halving" - programado para acontecer aproximadamente de quatro em quatro anos ou a cada 210 mil novos blocos desta moeda.

Na altura da sua criação, o seu fundador – até hoje de origem desconhecida - impôs um número limite de circulação de 21 milhões de unidades (atualmente existem cerca de 18,5 milhões), estimando que a última bitcoin seja minerada apenas em 2140. Significa isto que, nos próximos 120 anos serão emitidas apenas mais 2,5 milhões de moedas.

Este foi o apenas o terceiro "halving" da história desta criptomoeda, sendo que os anteriores ocorreram em novembro de 2012 e julho de 2016, quando cada bitcoin valia cerca de 14 e 700 dólares, respetivamente. E o que aconteceu após este fenómeno foi que o preço da moeda disparou, deixando antever que o mesmo poderia acontecer em 2020. E aconteceu.

Na altura deste "halving", cada bitcoin valia menos de 9 mil dólares. Agora vale mais de 28 mil dólares, tendo conhecido uma valorização em torno dos 250% neste este período. Entramos, então, no segundo capítulo de 2020 para a bitcoin: os novos máximos históricos.

 

Pandemia foi a cereja no topo do bolo

Quando a pandemia atingiu os mercados financeiros em todo o mundo seria de prever que a bitcoin acompanhasse a queda generalizada do valor dos restantes ativos, tendo em consideração a sua volatilidade crónica.

Algo que aconteceu: logo entre 11 e 12 de março, a capitalização de mercado da moeda digital caiu 93,5 mil milhões de dólares, de acordo com o Coinmarketcap.com. Mas a recuperação que se seguiu a este movimento é de assinalar, uma vez que a bitcoin valorizou 560% desde esta altura até aos máximos atingidos este mês.

Ao "halving" – um fenómeno que por norma implica uma subida consequente de preços – juntou-se o aumento da procura por este tipo de ativos, graças ao confinamento decretado em praticamente todo o mundo, para fazer face ao avanço da pandemia. Só em Portugal, através da plataforma Revolut, a procura por bitcoins disparou 60% entre março e maio.

 

Olhar atento de quem manda

Os lucros registados através da negociação de bitcoin continuam a não ser tributados em Portugal e também no resto da Europa, onde a legislação sobre o mercado de criptomoedas é praticamente inexistente. E é aqui que vem o terceiro capítulo no percurso anual da bitcoin, que se prende com a sua regulação.

Só em setembro deste ano é que Bruxelas propôs a primeira legislação comunitária sobre estes ativos digitais, esperando "agarrar oportunidades e mitigar riscos" com esta tecnologia ao nível da União Europeia (UE), até agora não regulada.

O documento pretende proteger os investidores nas transações ou investimentos que realizem, com a criação de "requisitos de capital, tutela para os ativos e ainda um procedimento obrigatório para apresentação de queixas ao dispor dos investidores e direitos do investidor contra o emissor".

Este ano, o número de investidores institucionais em bitcoin aumentou, como é o caso de Paul Tudor Jones e Stanley Druckenmiller. Também várias casas e aplicações de investimento se mostraram mais abertas a negociar bitcoins. Exemplo disso foi a PayPal que afirmou em outubro que passaria a permitir o acesso a moedas virtuais na sua plataforma.

Ano em que as moedas digitais ficaram na moda

Esta ascensão da bitcoin em 2020 poderá estar relacionada com o aumento exponencial do interesse pelo mundo das moedas digitais, depois de vários bancos e instituições governamentais terem posto a hipótese de lançarem as suas próprias divisas deste género.

 

Aconteceu na China, onde o e-RMB esteve em testes desde o início da pandemia em Shenzhen, Suzhou, Chengdu e Xiong’na, com os salários de alguns trabalhadores a serem pagos através desta nova moeda digital. Recentemente, aquando do aniversário da cidade de Shenzhen, houve uma lotaria em que o vencedor recebeu uma grande maquia de e-RMB, em vez dos habituais cheques na moeda corrente para gastar no comércio local.

 

Na Suécia, desde o final do ano passado está a ser estudada a hipótese de lançarem a e-krona, algo que ganhou peso recentemente depois de o ministro dos mercados financeiros, Per Bolund, ter dito que a análise ao seu lançamento deverá estar completa no final de novembro de 2022.

 

O próprio Banco Central Europeu lançou um estudo sobre a hipótese de criar um euro digital nos últimos meses e o presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Jerome Powell, disse que estaria a avaliar os "custos e benefícios" de uma moeda digital a ser usada pelo banco central.

Isto depois de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado a 19 de outubro, mostrar que as moedas digitais dos bancos centrais (CBDC, na sigla em inglês) poderiam ser benéficas, apesar de não corrigirem alguns dos problemas atuais de algumas moedas, como a sua alta volatilidade.

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