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Bolsa da Turquia novamente suspensa após queda de quase 9%. Juros disparam e lira derrapa

A turbulência na Turquia mantém-se, com a bolsa de valores e a lira a derrapar novamente e os juros a dispararem. Em causa está a demissão do terceiro governador do banco central em menos de dois anos.

23 de Março de 2021 às 11:10
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Istambul, na Turquia, continua a ser palco de uma derrocada no mercado, com a moeda, os juros e a bolsa de valores a sofrerem ainda com a demissão do terceiro governador do banco central em menos de dois anos. 

índice BIST Turkey 100 voltou a ficar suspenso por volta das 07:00 em Lisboa, depois de ter registado uma nova queda que chegou quase aos 9%, ativando automaticamente os chamados "circuit breakers", um mecanismo que interrompe a compra e venda de ações em caso de oscilações bruscas. Ainda assim, depois da retoma na negociação, o índice conseguiu eliminar grande parte das perdas. 

Nos últimos três dias, a bolsa de valores de Istambul chegou a perder quase 20%, o que significa que apenas em três dias poderia ter caído para "bear market", que ocorre quando um ativo perde esta percentagem desde o último máximo.


Também a lira turca continua a sua trajetória descendente tendo já perdido mais de 1,5% contra o dólar norte-americano na sessão desta manhã, depois de ontem ter derrapado 15%. Os juros da dívida soberana turca sobem novamente 15,5 pontos base para os 7,151%, em dólares. Ontem escalaram 153,4 pontos base. 

Em causa está ainda a demissão do líder do banco central do país, Naci Agbal, que na semana passada tinha anunciado uma subida das taxas de juro em dois pontos percentuais (de 17 para 19%) para conter a subida da inflação do país (atualmente em 15,6%). Uma decisão que não foi do agrado do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, conhecido por se opor a quaisquer subidas de taxas de juro.

Hoje, em resposta a esta demissão, Yigit Bulut - conselheiro de Erdogan - disse a uma estação de televisão na Turquia que o foco iria continuar a ser uma expansão na economia do país e que as taxas de juro diretoras deveriam estar "tão baixas quanto a realidade económica permita".

Assim, Agbal é o terceiro governador do banco da Turquia despedido por Erdogan em menos de dois anos. Para seu sucessor foi escolhido Sahap Kavcioglu, ex membro do partido AKP e doutorado em Finanças.


Agbal tinha conseguido estabilizar o valor da lira e reduzir a inflação graças a uma política financeira restritiva com fortes aumentos das taxas de juro. No entanto, Erdogan sempre se opôs a taxas de juro elevadas, o que, segundo ele, leva a uma inflação mais elevada, apesar da evidência de que o contrário é verdade, de acordo com a grande maioria dos analistas.

As repercussões deste "sell-off" na Turquia tiveram eco noutros países da Europa, principalmente no setor da banca. O banco espanhol BBVA afundou mais de 7% na sessão de ontem, uma vez que tem uma grande exposição ao mercado turco.
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