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BdP avisa que uma política "expansionista" e atrasos no PRR podem condicionar economia

No plano nacional, o banco central alerta que "uma política orçamental de orientação expansionista no quadro de um novo modelo de regras orçamentais europeias e possíveis atrasos na implementação do PRR poderão condicionar o crescimento". O BdP aponta ainda para um aumento as poupanças das famílias.

Pedro Catarino
26 de Novembro de 2024 às 15:07
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As guerras continuam a ser os principais riscos para a estabilidade financeira. No plano nacional, uma política orçamental mais virada para a despesa, assim como os potenciais atrasos na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) são os fatores que mais podem condicionar o crescimento da economia portuguesa, alerta o Banco de Portugal (BdP).

"Os riscos para a estabilidade financeira permanecem associados a desenvolvimentos económicos adversos que possam resultar das atuais tensões geopolíticas. Os conflitos militares em curso, um aumento do protecionismo global e um abrandamento nas principais economias do mundo podem condicionar a economia portuguesa", alerta a instituição liderada por Mário Centeno no mais recente relatório sobre a estabilidade financeira. 

Além disso, "o ressurgimento de pressões sobre a dívida pública de países europeus e a eventualidade de novos choques inflacionistas que limitem o alívio da restritividade da política monetária são também elementos de risco", refere o Banco de Portugal.

No plano nacional, "uma política orçamental de orientação expansionista no quadro de um novo modelo de regras orçamentais europeias e possíveis atrasos na implementação do PRR poderão condicionar o crescimento económico e a evolução da dívida", acrescenta o banco central.

O Banco de Portugal sublinha ainda que se observa uma tendência de ajustamento, onde um dos elementos estruturais é a redução do endividamento das empresas e das famílias. "No último semestre, embora se observem alguns sinais de abrandamento, a economia portuguesa manteve uma trajetória de redução das vulnerabilidades, em linha com os progressos dos últimos anos", começa por referir o BdP. Assim, "a previsão de crescimento económico próximo do potencial e estabilidade de preços deverá traduzir-se na continuação desse ajustamento".

Uma das dimensões estruturais do ajustamento é a significativa redução do endividamento. "O rácio da dívida das administrações públicas diminuiu cerca de 35 pontos percentuais entre 2014 e 2023, para 97,9% do PIB, ainda acima da média da área do euro", recorda a instituição liderada por Mário Centeno.

O BdP acredita que "a continuação desta redução contribuirá para a melhoria do rating da República e menores prémios de risco no custo de financiamento, beneficiando famílias e empresas".

No final do primeiro semestre de 2024, o rácio de endividamento das famílias atingiu 82% do rendimento disponível, quase 50 pontos percentuais (p.p.) abaixo do máximo de 2009.

O endividamento das empresas diminuiu para 76% do PIB, uma redução de 50 p.p. face ao máximo de 2012. Assim, "os riscos para as empresas estão associados a um maior abrandamento da atividade económica na área do euro, potencialmente agravados por choques nos custos energéticos e de produção e perturbações nas cadeias de abastecimento", alerta o Banco de Portugal.

Poupanças das famílias devem aumentar

Olhando para o custo da dívida, apesar da estabilização da rendibilidade operacional, "a manutenção de taxas de juro em níveis ainda elevados condiciona a capacidade de as empresas fazerem face ao serviço da dívida", sublinha o banco central. Já no caso das famílias, o BdP aponta para "um aumento da taxa de poupança, que contribuirá para promover a resiliência das famílias".

Das famílias e empresas para os bancos, a instituição defende que o setor "está exposto à potencial materialização de condições económicas e financeiras adversas, que tenderá a traduzir-se num maior risco de crédito".

Ainda assim, o Banco de Portugal frisa que "à semelhança do resto da economia, o setor bancário registou melhorias assinaláveis em termos de liquidez, qualidade de ativos, eficiência e capital".

O banco central frisa ainda que não se tem "assistido a uma deterioração da qualidade creditícia dos ativos bancários". No crédito a empresas, "cerca de metade das operações tem sido dirigida a grupos de menor risco". Nos empréstimos aos particulares, "a recomendação macroprudencial tem reforçado a resiliência do setor financeiro e dos mutuários".

Ainda assim, apesar do cenário central favorável, o Banco de Portugal pede para que as instituições sejam "prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital, reforçando a sua resiliência e a capacidade de financiar a economia perante choques adversos".

Em outubro deste ano, entrou em vigor a reserva de risco sistémico sectorial de 4%, aplicada a bancos que usam o método de notações internas (IRB), reforçando a sua resiliência face a desvalorizações no mercado imobiliário". 

(Notícia atualizada às 15:17 horas).

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