O Banco Central Europeu (BCE) deverá anunciar hoje a manutenção da taxa de juro de referência nos 4%. Contudo, o discurso do presidente da autoridade monetária, Jean-Claude Trichet, deverá preparar o mercado para o nono aumento de juros desde Dezembro de 2005.

O preço do dinheiro vai voltar a subir em Setembro em 25 pontos base para os 4,25%. Esta previsão é unanime entre os economistas. E mais aumentos? Para os economistas consultados pelo Jornal de Negócios a questão é saber quando, já que o BCE só deverá terminar o ciclo de subidas de juros quando atingir os 4,5%.

Na reunião de hoje não deverá haver qualquer alteração nos juros de referência para a Zona Euro. Já no regresso das férias, o BCE deverá dar más notícias às famílias. No encontro de Setembro, os governadores do banco central deverão optar por aumentar os juros.

"Temos como cenário central uma subida para os 4,25% em Setembro", afirmou o economista-chefe do Santander, Rui Constantino, uma visão partilhada pelo BPI, BCP e pelo CaixaBI.

Os bancos portugueses têm como cenário central o fim da subida dos juros quando a autoridade monetária determinar o décimo aumento e colocar o preço do dinheiro nos 4,5%.

"O BCE pode manter um discurso de subidas, mas não acreditamos que depois dos 4,5% haja mais alterações", disse Rui Constantino, "será o final do ciclo de aumentos". Cristina Casalinho, do BPI, diz que "a expectativa é que o BCE pare nos 4,5%".

"Não acreditamos que os riscos inflacionistas se materializem", disse a economista, salvaguardando que se esses riscos se confirmarem "os juros podem voltar a subir".

A questão reside na altura em que os juros serão elevados para os 4,5%.

Cristina Casalinho diz que em Dezembro será alcançado este tecto, já o Santander diz que o décimo aumento poderá acontecer tanto em Dezembro como em Janeiro.

José Maria Brandão de Brito, responsável pelo "research" de mercados financeiros do BCP, considera que o BCE só vai elevar os juros para os 4,5% no primeiro trimestre do próximo ano, isto porque se verifica uma "fraqueza do consumo" e a inflação se mantém controlada.

"O BCE desejará ter evidência mais sólida sobre a recuperação do consumo e a materialização das pressões inflacionistas antes de proceder a aumentos que, no futuro, podem vir a revelar-se prematuros e prejudiciais para o crescimento.", realça o responsável do BCP.

O CaixaBI também prevê que, depois do aumento de Setembro, o BCE só eleve a taxa de juro para os 4,5% no primeiro trimestre de 2008.