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As bolsas da velha Europa estão famintas por um novo envelope

A cimeira europeia que hoje começa poderá ser fundamental para o futuro a curto prazo das praças do "velho continente". Os analistas alertam para a necessidade da aprovação do Plano de Recuperação e para a importância de uma mensagem de coesão dos Estados-membros.

EPA
17 de Julho de 2020 às 12:15
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As bolsas da Europa abriram a sessão desta sexta-feira de forma contida, com os investidores a ansiar por um novo envelope vindo de Bruxelas. De acordo com os analistas, é fundamental que o Conselho Europeu mostre, de uma vez por todas, uma mão firme na resposta a esta crise pandémica e reestruture a coesão e cooperação no seio de uma União Europeia dividida, que tem tardado em agir.

Desde que França e Alemanha se uniram em defesa de um Plano de Recuperação conjunto, a 18 de maio, o Stoxx 600 - índice que reúne as 600 maiores cotadas da Europa - valorizou cerca de 9%. Se nos focarmos no reduzido Stoxx 50, que agrupa as 50 maiores, essa subida é mais expressiva: 16%. 

Esta reação das praças europeias reflete a importância que este pacote de ajuda conjunta, agora de 750 mil milhões de euros, tem para o futuro da negociação. Tem sido com base nele, mesmo que ainda por aprovar, que alguns bancos de investimento como o Barclays, o Morgan Stanley ou o Goldman Sachs têm aconselhado os investidores a virarem-se para ações europeis, em vez das norte-americanas. 

"A aprovação do plano iria ser muito bem recebida pelos mercados financeiros, que já têm respondido de forma bastante positiva desde a divulgação de um possível acordo", de acordo com uma nota divulgada pelo ING, assinada pelos economistas Bert Colijn e Carsten Brzeski. 

Mário Martins, analista da ActivTrades, diz ao Negócios que "se não se chegar a um acordo em relação ao fundo de recuperaçãono Conselho Europeu, tal terá uma influência negativa no mercado acionista", mas acrescenta que "nada na União Europeia é definitivo, por isso, mesmo que não haja um acordo hoje, as negociações irão continuar nos bastidores para se encontrar um ponto de consenso entre os Estados-membros".

Estes dois dias de negociações em Bruxelas - que podem estender-se para três - serão importantes para o futuro das bolsas na Europa, que têm estado aquém dos pares norte-americanos. 

O índice de referência para o "velho continente" continua com um saldo negativo de 11% no ano. Já o norte-americano S&P 500, depois de ter conseguido virar para positivo, segue agora com uma desvalorização de 3% no ano. A situação é particularmente distinta se olharmos para o tecnológico Nasdaq Composite, que não só acumula um ganho superior a 10% em 2020, como renovou máximos históricos recentemente.    

Depois de o Banco Central Europeu (BCE), na reunião de política monetária de ontem, ter optado por "esperar para ver", ao não aumentar o seu Programa de Compra de Emergência Pandémica (PEPP), as agulhas estão todas viradas para a atuação do Conselho Europeu. Ontem, a presidente do BCE, Christine Lagarde, voltou a reforçar a importância de uma cooperação entre os líderes europeus para a saúde dos mercados financeiros.

Taxas de juro pendentes de uma decisão
O impacto daquilo que for decidido na cimeira europeia nestes dias será ainda mais evidenciado no desempenho dos juros da dívida dos países da região. Neste campo, assume particular preocupação o desempenho das taxas de juro dos países da chamada periferia, onde se inclui Portugal, mas também Itália ou Espanha. 

Hoje, as taxas permanecem praticamente inalteradas, a aguardarem por decisões concretas para assumirem uma tendência. O "spread" - a diferença - entre os juros de Itália e Alemanha, um fator chave para medir o "stress" do mercado de dívida europeu está atualmente nos 165 pontos base, longe dos máximos de março, nos 278 pontos base. Desde o dia 18 de maio, quando França e Alemanha se uniram publicamente por um acordo, o "spread" encolheu 50 pontos base. 

Esta redução foi precipitada pelos esforços que o BCE tem feito para injetar liquidez na economia da região. Mas, tendo em conta a atual pausa do banco central no reforços dos estímulos - que talvez só apareçam na reunião de setembro ou outubro, segundo os analistas - é imperativo que os apoios do Conselho Europeu sejam aprovados, como nos mostra uma outra nota do ING. 

"Em caso de um acordo rápido, podemos verificar o 'spread' entre os juros a dez anos de Alemanha e Itália atingir os 150 pontos base no verão", dizem os analistas Francesco Pesole e Antoine Bouvet, acrescentando que "o impacto combinado das compras do BCE e o suporte financeiro do Conselho Europeu" vai apelar à compra dos juros dos países periféricos, por parte dos investidores.
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