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Apple e Microsoft - Investir nas eternas rivais

Um funcionário da Microsoft cometeu um erro grosseiro em Setembro: puxou do seu iPhone à frente de Steve Ballmer. Segundo relatos de outros colaboradores à imprensa norte-americana, Ballmer ficou furioso.

08 de Julho de 2010 às 16:04
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Embora sejam cada vez menos concorrentes, as duas maiores tecnológicas norte-americanas continuam a competir. Para os analistas, ambas são apetecíveis, apesar de a Microsoft estar mais barata por não se ter valorizado como a Apple.

Um funcionário da Microsoft cometeu um erro grosseiro em Setembro: puxou do seu iPhone à frente de Steve Ballmer. Segundo relatos de outros colaboradores à imprensa norte-americana, Ballmer ficou furioso. O presidente da companhia de "software" colocou o telefone no chão e simulou esmagá-lo.

A rivalidade não vem de agora: desde 1988, quando a Apple processou a Microsoft para evitar que a sua então parceira usasse um "interface" gráfico igual ao seu sistema operativo Macintosh, que as duas empresas concorrem no mercado dos computadores e da informática. A Microsoft continua a ter o negócio concentrado na venda do sistema operativo Windows, que já está na versão 7, e no pacote de produtividade Office, agora na edição 2010, enquanto a Apple continua a combinar "hardware" e "software" nos computadores Mac.

Embora Ballmer ainda se enerve com o sucesso da Apple, há cada vez menos razões, porque as companhias são cada vez mais distintas. Actualmente, a Apple, liderada por Steve Jobs, concorre mais com a Nokia do que com a Microsoft, já que quase 38 por cento a sua facturação se deve ao iPhone. É a maior unidade de negócio da empresa de Cupertino, na Califórnia: produz cerca de 35 milhões de iPhones por ano. Apesar da reacção de Ballmer, dez por cento dos trabalhadores da Microsoft continuam a usar iPhones, diz o "The Wall Street Journal", embora muitos o transportem em bolsas para disfarçar.

Apple destrona Microsoft na bolsa

No final de Maio, Steve Ballmer, que é o presidente executivo da Microsoft há pouco mais de 10 anos, teve mais uma razão de inveja: a Apple destronou o seu valor de mercado. Assim, a seguir à petrolífera ExxonMobil, a Apple colocou-se no segundo lugar do pódio das maiores capitalizações bolsistas dos Estados Unidos da América. A queda de 15,51 por cento dos títulos da Microsoft em Maio contribuiu decisivamente para a inversão das posições, embora a subida das acções da Apple pareça não ter tecto: a cotação quase duplicou ao longo do último ano.
Ben Reitzes, analista do Barclays Capital em Nova Iorque, continua a acreditar que "o valor da Apple é muito atractivo" e que "as acções podem continuar a beneficiar da forte procura do iPad e do novo ciclo de actualização do iPhone". No seu último relatório de avaliação da companhia, o especialista salienta o "videochat" como fonte de procura de potenciais clientes. Reitzes, que atribui um preço-alvo de 320 dólares às acções da Apple, 20,5 por cento acima das cotações mais recentes, explica que é "a App Store que distingue o iPhone, o iPad e o iPod Touch" da concorrência. A App Store é o serviço de venda de aplicativos que funciona através da loja virtual iTunes. A Apple fica com 30 por cento do preço de venda, uma percentagem aproximada da margem que também tem na venda de ficheiros de música.

Na segunda semana de Junho, entre os "apps" com mais receitas estavam o MobiTV, um serviço de televisão, o Guitar Hero, um jogo musical, e o Angry Birds, em que o jogador controla um bando de aves assassinas.

As últimas estatísticas do mercado de telemóveis mostram que o iPhone é um ganhador: 15,8 por cento dos novos dispositivos vendidos no primeiro trimestre são da Apple, quando um ano antes a quota de mercado estava em 10,9 por cento, dizem os analistas, citando estatísticas da IDC. A experiência da Microsoft neste mercado não tem corrido de feição, mas isso pode inverter com o Windows Phone 7, apresentado no Mobile World Congress em Barcelona em Fevereiro. A Microsoft espera lançá-lo comercialmente antes da época natalícia.

Depois da queda bolsista, os analistas também adoptaram uma recomendação positiva para as acções da Microsoft. Os especialistas destacam a estabilidade que as vendas do Windows garantem à empresa, que, por isso, distribui dividendos desde 2003. Além disso, a companhia de Redmond, em Washington, investe em áreas de maior potencial de crescimento, como a divisão de entretenimento e dispositivos. Recentemente, a Microsoft apresentou, a par de uma Xbox 360 mais magra, o Kinect, através do qual os jogadores poderão controlar os jogos da plataforma através de gestos e de comandos por voz.

Katherine Egbert e Ignatius Njoku, analistas do banco de investimento Jefferies, estimam que o Kinect permitirá um crescimento de vendas anuais da divisão de entretenimento e dispositivos de 2,5 por cento. Os analistas recomendam a compra das acções da Microsoft e calculam um preço-alvo de 36 dólares (cerca de 29 euros), 36,16 por cento acima das cotações recentes da sociedade na Nasdaq.







Google, a sombra das duas grandes

Steve Ballmer, da Microsoft, e Steve Jobs, da Apple, preocupam-se cada vez menos um com o outro e mais com Eric Schmidt, o presidente executivo da Google. Na sua busca incessante por mais páginas com os anúncios geridos por si, a Google está a roubar clientes às duas principais companhias tecnológicas dos Estados Unidos da América. Por enquanto, a Google ainda está a muitos lugares do pódio das maiores sociedades. Seria preciso que as suas acções se valorizassem mais de 45 por cento para ultrapassar a Microsoft.

A ameaça da Google vem de todas as frentes. Os seus esforços em levar as pessoas a usar a Internet pode minimizar o interesse nos produtos da Microsoft. O Gmail para o correio electrónico, o Google Calendar para gerir a agenda, o Google Docs para o processamento de textos, folhas de cálculo e apresentações são alternativas ao Office. O Google Apps permite às empresas trocar as licenças do Office e dos servidores Exchange da Microsoft por uma solução da Google. O próximo alvo é o Windows: o Google Chrome OS, que chegará dentro de alguns meses, será um sistema operativo mínimo que funcionará quase exclusivamente com aplicações de Internet.

É difícil a Microsoft combater as propostas da Google, porque são gratuitas para os consumidores, incluindo o sistema operativo. Contudo, Steve Ballmer não baixou os braços: lançou o Office Live para fazer frente ao Google Docs e reforçou a equipa comercial de serviços baseados na internet em 300 a 500 pessoas, segundo a imprensa americana.

A Apple também tem de se preocupar com a Google porque o seu negócio principal, os "smartphones", está a ser atacado. A táctica é a mesma: "o objectivo da Google é maximizar o número de anúncios móveis que vende", por isso, licencia gratuitamente o Android, explica Charlie Wolf, analista do banco de investimento Needham. Os fabricantes de telemóveis, como a HTC, a LG, a Motorola e a Samsung, aproveitam o sistema operativo desenvolvido maioritariamente pela Google para lançar aparelhos avançados que concorrem directamente com o iPhone da Apple.
O Android já ultrapassou o iPhone em popularidade nos Estados Unidos da América, estima a NPD, um especialista norte-americano em estudos de mercado. No primeiro trimestre do ano, "o sistema operativo Android subiu para a segunda posição com 28 por cento [do mercado] atrás do sistema operativo da Research in Motion [BlackBerry] (36 por cento) e à frente do sistema da Apple (21 por cento)".

Uma das poucas áreas em que as três grandes estão a concorrer é na publicidade nos telemóveis. "As pesquisas móveis [a partir de telemóveis] representam uma das maiores oportunidades potenciais para a Google, Yahoo/Microsoft, Apple e outras sociedades que participam neste espaço ao longo dos próximos três a cinco anos", escreve uma equipa de seis analistas do RBC Capital Markets numa nota de avaliação das acções da Google. "Pensamos que a Google é a que está mais bem posicionada para capturar o potencial de dois a três mil milhões de dólares (1,6 a 2,4 mil milhões de euros) dos gastos em publicidade em pesquisas móveis nos próximos anos." O preço-alvo do RBC para os títulos da Google é de 670 dólares (544 euros), cerca de 33 por cento acima das cotações recentes.


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