Notícia
90% dos portugueses nunca investiu em mercados financeiros
Apenas 4% dos portugueses tem investimentos em valores mobiliários. E, destes, a grande maioria aposta em acções.
Se a inclusão financeira dos portugueses tem vindo a aumentar no que toca aos produtos bancários, o mesmo não se pode dizer dos investimentos. 89,9% dos portugueses não tem nem nunca teve investimentos nos mercados financeiros, revela o Segundo Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, revelado esta sexta-feira.
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) realizaram 1.100 entrevistas porta-a-porta em todo o território nacional, entre Maio e Junho de 2015, para este inquérito. No que toca aos produtos de investimento, as conclusões apontam para uma aposta reduzida por parte dos portugueses.
Apenas 4,4% tem investimentos em valores mobiliários, sendo que quase 90% dos inquiridos não tem nem nunca teve investimentos deste tipo. Pelo contrário, 3,7% dos entrevistados não tem actualmente mas já teve no passado. E 2% dos inquiridos não responde a esta questão.
Entre aqueles que apostam em produtos de investimento, 83,3% investem em acções e 41,7% através de fundos de investimento.
Quanto à grande maioria que não tem qualquer tipo de investimento, 65,3% justificam esta decisão com a falta de rendimentos e 29,2% têm receio de investir pela ocorrência de um "crash".
O presidente da CMVM destacou, em conferência de imprensa, que estas conclusões que apontam para o reduzido número de portugueses com investimentos não coincidem com as reclamações que são recebidas no regulador. Nesse sentido, Carlos Tavares teme que, "por vezes, os portugueses têm produtos financeiros sem saber".
"A maioria dos entrevistados assume-se como pouco (37,7%) ou nada (31,6%) conhecedor dos produtos e dos mercados de valores mobiliários. Apenas 0,5% afirmam ser muito conhecedores", refere o inquérito.
"A percepção sobre o conhecimento do mercado de valores mobiliários é crescente com o nível de escolaridade: 44,4% dos que se assumem como conhecedores ou muito conhecedores têm o ensino superior, percentagem que baixa para 10,9% entre os que se afirmam nada conhecedores", acrescenta.
Nenhum inquirido investe mais de metade do património
Na pequena percentagem de portugueses que investe, nenhum afirmou que a sua carteira representa mais de 50% do património. Pouco mais de 6% investe entre 25% e 50% do património e 37,5% diz investir entre 10% e 25%.
"A generalidade dos entrevistados financia os seus investimentos em valores mobiliários através das suas poupanças (79,1%). Apenas 2,1% recorrem somente ao crédito e 16,7% afirmam recorrer quer a poupanças próprias quer ao crédito", sublinha o inquérito.
Em relação aos motivos por trás da decisão de investir, 26,6% dos entrevistados mencionou a percepção de que estes produtos proporcionam um rendimento superior ao dos depósitos e 21,9% adiantam que o conselho do gestor de conta foi determinante. São ainda mencionadas razões fiscais ou o facto de amigos ou familiares terem investido.
"Quando questionados sobre o que é mais relevante na escolha dos investimentos, quer os entrevistados que detêm presentemente investimentos em valores mobiliários, quer os que não têm mas já tiveram no passado, destacam mais uma vez o conselho do gestor de conta (37,5% e 36,6%, respectivamente)", pode ler-se no relatório divulgado esta sexta-feira.