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Carlos Costa: "Voto de confiança nas instituições financeiras obriga a particular atenção"

O governador do Banco de Portugal defendeu a necessidade de formação dos agentes das instituições financeiras.

Miguel Baltazar
21 de Outubro de 2016 às 12:58
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O gestor de conta continua a ser determinante na escolha de produtos financeiros por parte dos consumidores. De acordo com o Segundo Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, para 59,1% dos entrevistados o conselho do funcionário ao balcão é um factor determinante na escolha dos produtos, seguindo-se o conselho de familiares e amigos (51,1%). Uma conclusão que revela o voto de confiança que é dado às instituições financeiras, mas que obriga a "particular atenção", afirmou Carlos Costa, governador o Banco de Portugal.

 

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) realizaram, entre Maio e Junho de 2015, o Segundo Inquérito de Literacia Financeira em Portugal com base em 1.100 entrevistas porta-a-porta em todo o território nacional. Entre as principais conclusões destacou-se a elevada inclusão financeira da população portuguesa.

 

92,5% dos inquiridos revelou que tinha pelo menos uma conta de depósito à ordem, superando os 88,9% registados em 2010. Cerca de 73% dos entrevistados têm pelo menos um seguro e 4,4% tem investimentos em valores mobiliários.

 

"Na escolha de produtos financeiros, os resultados de 2015 evidenciam que existe um nível elevado de confiança dos inquiridos nas instituições, à semelhança do verificado em 2010", revela o comunicado. Quase 60% dos entrevistados toma decisões com base no conselho do funcionário ao balcão.

 

Além disso, cerca de 13% dos entrevistados não lê a informação pré-contratual dos produtos subscritos por confiar na informação que lhe é prestada. E cerca de 43% dos entrevistados escolhe produtos no banco onde tem a sua conta de depósito à ordem.

 

"Este inquérito terá que ter consequências também ao nível das instituições, enquanto entidades empregadoras de agentes que são determinantes nas decisões" dos consumidores, afirmou Carlos Costa, em conferência de imprensa para apresentação deste inquérito. Isto porque "quem forma esses agentes são as instituições financeiras elas próprias".

 

O governador do Banco de Portugal sublinhou que esta relação de reforço da confiança nas instituições financeiras "contrasta com outros estados-membros" e demonstra que, face aos acontecimentos dos últimos anos no sector financeiro, "a população soube diferenciar entre comportamentos e instituições e entre instituições também".

 

"Que é um sinal de confiança, é. Que obriga a ter uma particular atenção, obriga", afirmou Carlos Costa que sublinhou que "temos que ter todo o cuidado para que essa confiança seja defendida". Contudo, o governador do Banco de Portugal frisou que, na sua base, a relação com as instituições financeiras "é sempre uma relação de confiança" até "que haja uma surpresa". Na base de partida, "temos que enquadrar esta relação de forma a que não haja decepções nem surpresas", concluiu.

 

Este alerta foi também deixado por Carlos Tavares. "A principal fonte de informação para os clientes de produtos financeiros é o gestor de conta", o que demonstra a "importância da educação dos clientes e da formação técnica e ética do gestor de conta", frisou o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

"Como sabemos dos casos passados, nem sempre essas competências foram plenas e isso teve reflexos muito negativos nos casos que conhecemos", acrescentou Carlos Tavares. "Tem que haver uma impecável formação técnica e ética", adiantou. "Trocava uma boa parte da formação técnica pela formação ética", concluiu o presidente do CMVM.

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