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600 mil aforradores compraram certificados da série anterior. É dois terços do total
Entrou no arranque de 2023 o triplo do aforro esperado pelo Governo para o ano inteiro. Esse fluxo de capital inesperado, o desalinhamento do juro face ao mercado e o risco de concentração de reembolsos são as razões do Governo para mudar os certificados.
O "stock" de certificados de aforro disparou para 43 mil milhões de euros em março, de 30 mil milhões de euros em dezembro. "Estamos a falar de um crescimento de 50%, quando olhamos para o peso do retalho no total da dívida pública, concluímos que somos dos países da União Europeia com maior percentagem", apontou o secretário de Estado.
Além da quantidade de investidores, os montantes alocados por cada um também sofreu uma subida "muitíssimo relevante". No primeiro trimestre do ano, a parcela de aforradores que colocaram mais de 50 mil euros nos certificados superou os 60%.
No início do mês, o Governo pôs fim à série E dos certificados de aforro, tendo lançado uma nova série F com remuneração mais baixa. Em ambos os casos o juro está indexado à Euribor a três meses, mas o tecto máximo cai de 3,5% para 2,5% (aos quais acrescem prémios de permanência). É ainda imposto um limite máximo de subscrição nos 50 mil euros, face ao anterior de 250 mil euros.
A "escala da ultrapassagem" do fluxo de entrada de capital - o triplo do esperado para o ano inteiro em apenas meses -, o "desalinhamento" da remuneração que estima ser em 1 ponto percentual acima do financiamento no mercado e a "distribuição de amortizações" (evitando uma grande parede de reembolsos quando estes produtos atingirem a maturidade em 2033) são as três razões para a decisão de mudar o produto.
Para já, João Nuno Mendes diz que o montante em "stock" ainda é sustentável, mas sublinha que o aumento dos custos do Estado com juros dos certificados é pago por via de impostos.
"É fundamental que exista uma perceção de todos os portugueses que o grande desafio é reduzir a fatura com juros. As famílias estão a suportar mais juros diretamente, mas também indiretamente", acrescentou o secretário de Estado.
(Notícia atualizada às 12:10)