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600 mil aforradores compraram certificados da série anterior. É dois terços do total

Entrou no arranque de 2023 o triplo do aforro esperado pelo Governo para o ano inteiro. Esse fluxo de capital inesperado, o desalinhamento do juro face ao mercado e o risco de concentração de reembolsos são as razões do Governo para mudar os certificados.

Mariline Alves
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A corrida aos certificados de aforro muito acima do esperado foi uma das razões para as alterações decididas pelo Governo no início do mês, segundo explicou o secretário de Estado das Finanças. Em audição no Parlamento esta quarta-feira, João Nuno Mendes avançou que 600 mil aforradores compraram a série anterior destes produtos, o que representa dois terços do total.

O "stock" de certificados de aforro disparou para 43 mil milhões de euros em março, de 30 mil milhões de euros em dezembro. "Estamos a falar de um crescimento de 50%, quando olhamos para o peso do retalho no total da dívida pública, concluímos que somos dos países da União Europeia com maior percentagem", apontou o secretário de Estado.

Este montante que entrou na série E de certificados de aforro foi, segundo o governante, subscrito por 600 mil pessoas. No total dos certificados são 900 mil aforradores.

Além da quantidade de investidores, os montantes alocados por cada um também sofreu uma subida "muitíssimo relevante". No primeiro trimestre do ano, a parcela de aforradores que colocaram mais de 50 mil euros nos certificados superou os 60%.

No início do mês, o Governo pôs fim à série E dos certificados de aforro, tendo lançado uma nova série F com remuneração mais baixa. Em ambos os casos o juro está indexado à Euribor a três meses, mas o tecto máximo cai de 3,5% para 2,5% (aos quais acrescem prémios de permanência). É ainda imposto um limite máximo de subscrição nos 50 mil euros, face ao anterior de 250 mil euros.

A "escala da ultrapassagem" do fluxo de entrada de capital - o triplo do esperado para o ano inteiro em apenas meses -, o "desalinhamento" da remuneração que estima ser em 1 ponto percentual acima do financiamento no mercado e a "distribuição de amortizações" (evitando uma grande parede de reembolsos quando estes produtos atingirem a maturidade em 2033) são as três razões para a decisão de mudar o produto.


Para já, João Nuno Mendes diz que o montante em "stock" ainda é sustentável, mas sublinha que o aumento dos custos do Estado com juros dos certificados é pago por via de impostos.

"É fundamental que exista uma perceção de todos os portugueses que o grande desafio é reduzir a fatura com juros. As famílias estão a suportar mais juros diretamente, mas também indiretamente", acrescentou o secretário de Estado.


(Notícia atualizada às 12:10)
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