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Braço de Lagarde para euro digital compara cripto a esquema ponzi e critica "criptoevangelistas"
Fabio Panetta comparou o estado atual do mercado das criptomoedas à crise do subprime de 2007-08, tendo por isso apelado à ação urgente dos reguladores. Para o governados as cripto valorizam como nos esquemas em pirâmide.
O membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE) responsável pelo projeto do euro digital, Fabio Panetta, aproveitou uma intervenção na Universidade de Columbia para atacar o mercado das criptomoedas e os "criptoevangelistas".
O também sucessor de Mario Draghi no Banco Central de Itália fez questão de sublinhar as "promessas não cumpridas" da bitcoin e restantes altcoins e comparou o mercado com os esquemas Ponzi.
"Assim como num esquema Ponzi, os preços vão continuar a subir até que o entusiasmo desapareça e a bolha estoure", disse Mario Panetta.
O banqueiro italiano alertou que neste momento o mercado de criptomoedas já é maior que o mercado do subprime quando, com um valor de 1,3 biliões de dólares, desencadeou a crise financeira de 2007-08, pedindo por isso aos reguladores que evitem uma nova crise.
"Hoje, os ativos virtuais não servem apenas apenas investimentos especulativos e de alto risco. Levantam preocupações em matéria de políticas públicas e de estabilidade financeira", começou por dizer.
"Não devemos repetir os mesmos erros, à espera da explosão da bolha", frisou Panetta, para quem "agora é o momento de garantir que os criptoativos são usados dentro dos limites claros e regulamentados".
O líder do projeto do euro digital fez ainda questão de afirmar que estes são os tempos em que o "dinheiro soberano se deve encaixar na era digital".
A descentralização que nunca existiu
Fabio Panetta afirmou ainda que a bitcoin e restantes altcoins não comprem a função a que se propuseram. "O sonho de Satoshi Nakamoto de criar dinheiro confiável continua a ser exatamente isso, um sonho", disse o banqueiro italiano.
Panetta reconheceu que as criptomoedas ganharam grande popularidade nos últimos anos, mas alertou para o engano que são os "criptoevangelistas" - que prometem o que não podem cumprir.
"Surgiu um ecossistema, de mineradores a intermediários, em que os seus elementos procuram expandir-se para as finanças digitais. Os criptoevangelistas prometem o céu na terra, através de uma narrativa ilusória sobre preços que sobem sempre para manter os fluxos de dinheiro", alertou Panetta.
O membro do BCE lembrou ainda que, apesar de os amantes do mercado cripto serem também amantes da descentralização financeira, este conceito ainda não existe neste mercado, já que existem bastantes intermediários.
Para dar cor ao seu argumento, Panetta recorreu ao exemplo de El Salvador. "El Salvador foi o primeiro país a adotar a bitcoin como moeda com curso legal [a par do dólar], mas os pagamentos são feitos através de uma carteira gerida de forma central". Para o governador italiano, a descentralização é assim, por enquanto, mais um mito ou teoria do que uma realidade.
Os ativos cripto estão a formar um novo Velho Oeste", rematou Panetta.