Notícia
Bancos financiaram 15.270 milhões para a compra de casa em 2021
O crédito à habitação voltou a acelerar no ano passado para registar um novo máximo desde 2007, com os bancos a continuarem a apostar neste segmento de negócio para aumentar a rentabilidade.
O ritmo de financiamento de novo crédito à habitação voltou a acelerar em 2021. Segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal, as novas operações de financiamento para a compra de casa atingiram 15.270 milhões de euros, no último ano, o que representa um novo máximo desde 2007.
Os bancos emprestaram mais 1.458 milhões de euros para a compra de casa, em dezembro, um valor que fica acima dos 1.285 milhões emprestados no mês anterior. Trata-se do 10.º mês consecutivo que os bancos emprestam mais de 1.200 milhões de euros em novo crédito para a casa.
Contas feitas, em 2021 foram financiados 15.270 milhões de euros para a compra de habitação em Portugal, um valor que supera em 34% os 11.389 milhões emprestados em 2020 e é um novo máximo desde 2007, o ano que precedeu a crise financeira e em que as novas operações de crédito à habitação ultrapassaram os 19.630 milhões de euros.
A banca tem vindo a reforçar a aposta no segmento de crédito à habitação para aumentar a sua rentabilidade. Além de estar mais disponível para emprestar, o setor tem promovido várias campanhas destinadas a angariar novos clientes, seja através da concessão e novo crédito, seja para tentar roubar negócio à concorrência, através de condições mais competitivas, com "spreads" mais baixos e oferta de custos de transferência de contratos de outras instituições.
O forte crescimento do crédito à habitação tem merecido a atenção do Banco de Portugal, que continua empenhado em que o setor não passe a linha vermelha, tal como aconteceu no passado, comprometendo a estabilidade do sistema financeiro.
Esta semana, o supervisor anunciou uma atualização à medida macroprudencial para o crédito implementada em 2018, com vista a acelerar a convergência da maturidade média dos contratos da habitação para 30 anos, o que deveria acontecer no final deste ano.
A entidade liderada por Mário Centeno introduziu limites para o prazo máximo dos novos contratos em função da idade. A partir de 1 de abril, a maturidade máxima dos créditos à habitação deve ser de 40 anos, para mutuários com idade inferior ou igual a 30 anos. Já para quem tem entre 30 e 35 anos, o prazo máximo recomendado desce para 37 anos, reduzindo-se outros dois anos, para um prazo máximo de contrato de 35 anos, para mutuários com mais de 35 anos.
Com estas medidas, o supervisor pretende que os prazos aplicados nas novas operações seja inferior. Cerca de 50% das novas operações, no terceiro trimestre de 2021, apresentava prazos entre os 35 e os 40 anos, uma evolução que vai no sentido oposto da recomendação, afastando a maturidade média dos prazos nas novas operações da meta dos 30 anos, já no final deste ano.
Crédito ao consumo também sobe
As outras finalidades de crédito para particulares também registaram uma evolução positiva em 2021. Segundo o Banco de Portugal, os bancos financiaram 4.442 milhões de euros em crédito ao consumo, no ano passado. Este número representa um crescimento de 10% face a 2020.
Já o crédito para outros fins aumentou, em 2021, 2% para 2.254 milhões de euros.
No total, os bancos concederam 21.966 milhões de euros em financiamento às famílias portuguesas, durante o ano de 2021.