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Libra afunda mais de 6% em dois minutos

A moeda britânica voltou esta sexta-feira a tocar mínimos de 31 anos face ao dólar, pouco depois da abertura dos mercados na Ásia. Um erro nas ordens ou o algoritmo usado na transacção poderão estar na origem da maior queda desde o Brexit.

Reuters
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A divisa do Reino Unido renovou esta sexta-feira, 7 de Outubro, um mínimo histórico, relativo a Maio de 1985 - 31 anos - depois de tombar mais de 6% no espaço de apenas dois minutos, um comportamento que poderá ter tido origem numa introdução errada de ordens ou no algoritmo usado na transacção.

Na sessão de hoje, a libra chegou a recuar 6,14% para 1,1841 dólares, pouco depois da abertura dos mercados na Ásia. A queda foi entretanto atenuada, e a moeda segue agora a cair 1,39% para 1,18 dólares.



Face ao euro as perdas foram também de monta - de 3,35% para 1,0934 euros -, naquele que é o valor mais baixo desde Março de 2010, mais de seis anos.

Para a divisa britânica, esta semana não tem sido marcada pela calma. Na última terça-feira, 4 de Outubro, a libra esterlina já tinha atingido o valor mais baixo das últimas três décadas face ao dólar. No último fim-de-semana, Theresa May, primeira-ministra, garantiu que o Reino Unido iria iniciar formalmente a saída da União Europeia no primeiro trimestre de 2017. O que levou os investidores a manifestarem novamente os seus receios em torno dos efeitos do Brexit na divisa e na economia após as palavras de Theresa May.

O plano da líder do Governo britânico levou rapidamente vários Governos europeus a alertarem Londres que não haverá negociações informais antes do Artigo 50 ser accionado. Os Governos da União Europeia consideram que o plano da primeira-ministra britânica ainda carece de detalhes e reiteram que não haverá conversações informais antes disso, como a governante deseja. Em declarações à BBC, a chefe do Executivo britânico afirmou que, ao avançar com este calendário, espera que os seus homólogos da UE permitam "algum trabalho preparatório" para garantir "um processo mais suave". Contudo, as declarações não foram bem recebidas entre alguns parceiros do continente, que insistem que May deve invocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, antes de se dar início a quaisquer conversações.

Outro factor que pode ter tido efeito neste comportamento da divisa do Reino Unido foram as palavras do presidente francês, François Hollande. De acordo com o Financial Times, o líder francês assinalou que os britânicos devem sofrer as consequências de quererem sair do bloco europeu. Discursando num jantar em Paris na última noite, em que o presidente da Comissão Europeia, entre outros, marcaram presença, Hollande afirmou: "o Reino Unido decidiu pelo Brexit e acredito mesmo que por um 'hard Brexit'". "Temos de percorrer todo o caminho da vontade do Reino Unido para deixar a União Europeia. E temos de o fazer com firmeza".

Caso contrário, salientou o presidente francês citado pelo jornal britânico, "podemos comprometer os princípios fundamentais da União Europeia". "Outros países poderiam querer sair da UE para terem as supostas vantagens sem as obrigações".


"Tem de haver uma ameaça, tem de haver um risco, tem de haver um preço. De outra forma, vamos estar numa negociação que não pode terminar bem", disse ainda François Hollande.

O Financial Times avança cinco possíveis explicações para o tombo do valor da moeda. Além do possível efeito das declarações de Hollande ou do erro na introdução de ordens de venda por parte de operadores ou do algoritmo usado, a forte queda pode ter-se devido a investidores que procuraram tirar partido da baixa liquidez àquela hora, ao fim do prazo para exercer opções ou ao fecho automático de posições quando a libra transacciona abaixo de determinado valor.

(Notícia actualizada pela última vez às 10:16)
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