Notícia
CaixaBI dá potencial de subida de 50% ao BCP
O banco de investimento da CGD reiniciou a cobertura das acções do BCP com uma recomendação de comprar, considerando que à cotação actual os investidores estão a atribuir um valor quase nulo às operações em Portugal.
O CaixaBI reiniciou a cobertura das acções do Banco Comercial Português com uma recomendação de "comprar" e um preço-alvo para o final de 2017 de 25 cêntimos, que implica um potencial de valorização 51% face à cotação de fecho das acções esta quarta-feira, 22 de Março (16,54 cêntimos).
Num research a que o Negócios teve acesso, emitido após o fecho da sessão de hoje, o analista André Rodrigues salienta que considerando o valor de mercado da posição de 50,1% no polaco Bank Millennium e "múltiplos adequados" nas unidades africanas e na actividade dos seguros, o rácio P/BV (que relaciona a cotação com o valor contabilístico por acção) está próximo de 0,1 vezes.
O CaixaBI reiniciou a cobertura das acções do BCP depois do banco ter concluído um aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros e anunciado os resultados de 2016. Para o analista André Rodrigues, a "dinâmica positiva" estimada para as receitas e a "gradual redução dos custos do crédito" serão os factores-chave para a evolução em bolsa do banco liderado por Nuno Amado em 2017, que o BCP apelidou de "ano de transição".
No que diz respeito ao aumento de capital, o CaixaBI salienta que removeu as preocupações com os rácios de capital do banco, estimando que a instituição será capaz de gerar capital de forma orgânica em 2017 (+50 pontos base) e em 2018 (+110 pontos base).
Metas "ambiciosas"
No âmbito do aumento de capital, o BCP definiu um plano estratégico com metas que o CaixaBI classificou de "ambiciosas".
"As metas do BCP para 2018 parecem exigentes, sobretudo na estimativa de um ROE (rendibilidade do capital próprio) próximo de 10%", refere o CaixaBI, que prevê um rácio inferior (8%).
Apesar de o CaixaBI antecipar uma "forte queda" nas imparidades para crédito, mantém a estimativa de custo do crédito em torno de 130 pontos base em 2017 e em redor de 85 pontos base em 2018, o que se situa acima das metas do banco (abaixo de 75 pontos base no próximo ano).
Apesar de ter dúvidas sobre a execução dos objectivos definidos no plano estratégico, o CaixaBI acredita que o foco dos investidores vai deslocar-se do balanço do banco para a demonstração de resultados. Ou seja, dos rácios de capital para a rendibilidade.
Ao nível dos resultados, a melhoria estará relacionada com a redução "substancial das provisões", diz o CaixaBI, que lembra que uma descida de 100 pontos base no custo do crédito em risco representa 475 milhões de euros antes de impostos.
"A recuperação da rendibilidade também deverá ser suportada pelas melhorias em curso na margem financeira devido à descida dos custos de financiamento (sobretudo nos depósitos de clientes), remoção dos custos com os CoCo’s (65 milhões de euros em 2016) e estabilização da qualidade dos activos.
O CaixaBI destaca também que pela primeira vez desde 2012 o banco não terá restrições na sua estratégia, devido ao fim das ajudas públicas, pelo que os próximos dois anos deverão ser de "normalização".
As acções do BCP fecharam a descer 1,72% para 16,54 cêntimos. Em 2017 acumulam uma queda de 9%.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.