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BPI: Mails trocados sobre o GES aumentam riscos na organização governativa da PT e Oi

A unidade de investimento do BPI acredita que os dados sobre o alegado conhecimento que havia na Oi e na PT em relação aos 900 milhões de euros colocados no GES podem comprometer a aprovação do novo memorando de entendimento da fusão.

Pedro Elias/Jornal de Negócios
11 de Agosto de 2014 às 11:43
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Afinal, quem sabia do investimento feito pela Portugal Telecom em empresas do Grupo Espírito Santo no valor de 897 milhões de euros? O Expresso deu uma resposta este fim-de-semana: toda a gente na PT e na Oi, ainda que toda a gente o negue. Mas a correspondência electrónica trocada entre Ricardo Salgado e um dos accionistas da empresa brasileira, Sérgio Andrade, traz novos riscos para as duas empresas, de acordo com a unidade de investimento do BPI.

 

Riscos que, segundo o analista Pedro Oliveira, podem ir da aprovação da nova fusão à gestão das próprias empresas. "Dependendo da evolução do processo, isto poderá levantar riscos na organização governativa de ambas as empresas", indica o especialista na nota de "research" publicada esta segunda-feira, 11 de Agosto, a que o Negócios teve acesso. Não são avançados que riscos específicos poderão ser esses que afectem a gestão da Portugal Telecom SGPS (com o demissionário Henrique Granadeiro) e da Oi (com Zeinal Bava como presidente executivo).

 

"Dependendo de como esta questão vai evoluir, pode ter um impacto na probabilidade de novo memorando de entendimento ser aprovado na assembleia-geral da PT", antecipa o analista do BPI Equity Research. Para Pedro Oliveira, o argumento de que os accionistas da operadora portuguesa tinham de suportar a perda de força na empresa resultante da fusão (chamada de CorpCo), "devido a uma má decisão de gestão na PT", pode agora "ser contrariado". A assembleia-geral, em que os accionistas serão chamados a votar uma participação de 25,6% na nova empresa (posição que incorpora a perda do investimento de 897 milhões no GES, dado que inicialmente a participação esperada era superior a 35%), está marcada para 8 de Setembro.

 

A troca de e-mails citada pelo Expresso 

 
Duas auditorias
Estão a decorrer duas auditorias às contas dos últimos anos da PT neste momento, de forma a analisar a relação com o GES.
 
Uma delas foi anunciada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que, segundo noticiado, acredita que as contas da operadora não têm reflectido o investimento de 897 milhões na Rioforte.
 
A outra foi solicitada à PricewaterhouseCoopers pela administração da PT para "analisar de forma independente os procedimentos e actos" relacionados com este tema.

 

Isto porque, de acordo com o Expresso, e-mails trocados no início de Julho entre Salgado, antigo presidente do BES, e Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, accionista da Oi, sugerem que haveria vários implicados. "Tive o cuidado de falar com o presidente-executivo da Oi [Zeinal Bava] no início das aplicações que têm vencimento a 15 e 17 de Julho, uma vez que deveriam ser sucessivamente renovadas por prazos de três meses até um ano a contar do seu início em Fevereiro. Esse assunto foi também abordado pelo dr. Amílcar Morais Pires na reunião de Steering Comitee de 14 de Abril, em Lisboa", enviou o antigo líder do BES, citado por aquele jornal. É este e-mail que poderá implicar quem compõe este comité, criado para acompanhar a fusão PT/Oi: Amílcar Morais Pires, Henrique Granadeiro, José Mauro da Cunha, Nuno Vasconcellos, Otávio de Azevedo e Pedro Jereissati. O Expresso admite que os e-mails, trocados já depois da explosão desta polémica, podem ter sido trocados precisamente para implicar novas pessoas neste investimento.

 

Na referida troca de e-mails, é dito que o investimento em dívida da Rioforte, do Grupo Espírito Santo, correspondia a "uma contrapartida equivalente ao benefício das holdings privadas brasileiras no aumento de capital".

 

"Os dados publicados neste fim-de-semana trazem nova complexidade para esta situação já complexa, dado que sugerem que o investimento na Rioforte foi feito com a aprovação (ou pelo menos o conhecimento) de vários membros do conselho de administração e da comissão executiva tanto da Oi como da PT", assinala ainda Pedro Oliveira do BPI Equity Research, que tem a recomendação que atribui às acções da PT sob revisão e não aponta nenhum preço-alvo. As acções seguem a subir 0,81% para 1,486 euros. 

 

Demissão de Granadeiro sem grande impacto

 

A demissão de Henrique Granadeiro da PT SGPS, a empresa que se deverá fundir com a Oi, também é comentada pelos analistas na manhã desta segunda-feira, desta vez pelo BESI. "Depois das notícias sobre o não reembolso das aplicações de tesouraria feitas pela PT na Rioforte, a pressão dos investidores face ao conselho de administração aumentou substancialmente e, daí, esta consequência não é uma completa surpresa".


"Relembramos que as responsabilidades operacionais de Granadeiro na actividade portuguesa eram já limitadas, dado que a PT Portugal tornou-se uma subsidiária da Oi e, na verdade, a empresa passou a ser liderada recentemente por Armando Almeida como CEO da PT Portugal", apontam os analistas do BES Investimento Nuno Matias e Miguel Borrega. A PT Portugal é a empresa que lidera o Meo e que foi já integrada na Oi. A PT SGPS tem como activo, neste momento, as opções de compra das acções da Oi (que foram retiradas da posição inicial na fusão, como forma de compensar o não reembolso dos 897 milhões de euros do investimento no GES). 

 

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro. 

 

(Notícia alterada às 12h22: Zeinal Bava não faz parte do comité de acompanhamento da fusão, como estava escrito na primeira versão da notícia)

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