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Wall Street soma mais de 2% e há bons presságios para a próxima semana
Os três principais índices norte-americanos foram alimentados pela esperança de um abrandamento da inflação desencadeado pelo recuo da média do salário pago por hora em dezembro.
Wall Street terminou a última sessão da semana no verde, com os três principais índices a somarem mais de 2%, em máximos de meados de dezembro.
O industrial Dow Jones cresceu 2,13% para 33.630,61 pontos, enquanto o S&P 500 somou 2,28% para 3.895,08 pontos. Já o tecnológico Nasdaq Compoiste ganhou 2,56% para 10.569,29 pontos.
O salário médio pago por hora subiu 0,3% em dezembro, em cadeia. Já em termos homólogos avançou 4,6%, abrandando face aos 5,1% de novembro e ficando abaixo das estimativas dos economistas - que apontavam para 5% -, revelam os dados publicados esta sexta-feira pelo Departamento do Trabalho norte-americano.
Além disso, no mesmo período foram criados 223 mil postos de trabalho, mais 20 mil do que o previsto pelos economistas. Os setores de lazer e hotelaria, cuidados de saúde e construção foram os que mais postos de trabalho criaram.
Já a taxa de desemprego desceu para os 3,5%, o que corresponde a 5,7 milhões de desempregados em dezembro, abaixo dos 3,7% registados em novembro. O número de desempregados a longo prazo, ou seja, sem emprego durante 27 semanas ou mais, recuou em 146 mil para 1,1 milhões.
"Numa rara demonstração de normalidade, as boas notícias na frente económica que saíram sexta-feira sobre o emprego resultaram numa valorização dos índices norte-americanos. Apesar de o número de novos posto de trabalho criados terem superado as expectativas, o que indicaria um mercado laboral demasiado quente para ajudar na luta contra a inflação, o certo é que os custos do emprego não aumentaram ao ritmo previsto, para além de que ocorreu uma revisão em baixa destes custos relativos ao mês de novembro", explica Marco Silva, consultor da ActivTrades, num comentário escrito enviado ao Negócios.
"Ou seja, na prática foram notícias ideais para os investidores, visto que a componente que influencia a inflação reduziu a sua intensidade, ao mesmo tempo que a robustez do mercado laboral com a redução da taxa de desemprego para 3,5%, dá sinais encorajadores sobre a capacidade da maior economia do mundo fugir a uma recessão agravada", acrescenta Marco Silva.
Ainda assim, o consultor da ActivTrades aconselha cautela, já que, na realidade, "estes dados são algo divergentes, porque aumentar os postos de trabalho, reduzir o desemprego e haver uma diminuição da taxa de participação é algo que aumenta naturalmente a pressão sobre os salários, o que não se verificou".
Portanto, "os números hoje conhecidos, apesar de terem espoletado otimismo, deverão ser acolhidos com cautela, precisando de mais dois a três meses dentro do mesmo ritmo para que se tenha confiança nesta realidade, que, a ocorrer, será o ‘ouro sobre azul’ para o mercado".
Seja como for, "para os próximos dias o sentimento poderá manter-se positivo, pelo menos até ser conhecido o índice de preços no consumidor, que será a prova dos nove sobre o comportamento da inflação no último mês de 2022", antecipa Marco Silva.
O dia serviu ainda para digerir as mais recentes declarações dos membros da Reserva Federal norte-americana (Fed). O presidente da Fed de Atlanta, Raphael Bostic, acredita que o banco central "ainda tem muito trabalho pela frente para dominar a inflação".
Já o presidente da Fed de St.Louis, James Bullard, defendeu que a taxa de juro está a aproximar-se de terreno restritivo e que as expectativas para a inflação já começaram a recuar, o que também deu algum otimismo aos investidores.
Entre os principais movimentos de mercado, a Tesla conseguiu apanhar boleia dos seus pares e inverteu a tendência negativa de arranque de sessão, motivada por uma segunda redução dos preços dos veículos na China, em três meses, e conseguiu terminar o dia a somar 2,47%.