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Wall Street recupera com ausência de tarifas contra a China
As bolsas do outro lado do Atlântico abriram em terreno negativo, pressionadas pelos receios em torno das tensões EUA-China, mas inverteram depois de o presidente norte-americano anunciar medidas robustas contra Pequim mas sem aludir a novas taxas alfandegárias. O Dow ainda fechou com um deslize marginal, mas longe das maiores perdas do dia.
As bolsas abriram quase generalizadamente em baixa - a exceção foi o Nasdaq - devido ao nervosismo perante a conferência de impresa agendada por Trump para falar sobre a China.
No entanto, depois de o presidente falar, a tendência inverteu-se e todos os índices ficaram no verde.
O Dow Jones acabou posteriormente por perder algum fôlego, nos últimos minutos da jornada, mas já longe dos mínimos da sessão, fechando a ceder 0,07% para 25.383,11 pontos.
Já o Standard & Poor’s 500 avançou 0,48% para 3.044,31 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite somou 1,29% para 9.489,87 pontos. Isto apesar de ontem o presidente norte-americano ter assinado uma ordem executiva dirigida às empresas das redes sociais, que visa cortar-lhes poderes.
O Twitter é a rede que está no centro da discórdia, depois de ter aplicado uma verificação de veracidade a dois tweets de Donald Trump, tendo sido uma das exceções às subidas no setor das tecnologias ao encerrar a perder 1,96% para 30,97 dólares.
O presidente dos EUA disse esta sexta-feira que a sua Administração vai sancionar os responsáveis chineses que debilitaram a liberdade de Hong Kong e acrescentou que serão tomadas medidas para revogar o tratamento preferencial dado àquele território chinês.
"Hong Kong já não é um território suficientemente autónomo para garantir um estatuto especial nos termos da legislação norte-americana", frisou.
Mas Trump não se referiu à "fase 1" do acordo comercial EUA-China, delineado pelos dois países em janeiro, o que aliviou os mercados.
No âmbito desta fase 1, ambos os lados assumiram o compromisso de retirada gradual de algumas tarifas aduaneiras impostas no pico da guerrra comercial e de não imposição de novas taxas alfandegárias.
Além disso, o seu discurso não trouxe surpresas, já que algumas das medidas aludidas para punir a China – como o escrutínio das empresas chinesas cotadas nas bolsas norte-americanas, a restrição a investigadores chineses nas universidades dos EUA e a retirada do estatuto especial a Hong Kong – já tinham sido veiculadas nos últimos dias.
Hoje, o presidente da Fed, Jerome Powell, disse ainda recear uma segunda vaga de contágios por covid-19 nos EUA – o que, a acontecer, levará a que a recuperação do país seja "significativamente mais demorada e mais débil" –, mas o facto de ter reiterado que não considera os juros negativos uma política adequada para os EUA aliviou de certa forma os receios de um maior embate económico decorrente da pandemia, cenário em que seria necessário usar de mais medidas não convencionais.