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Ventos do Japão içam "red flags" em Wall Street

As principais bolsas do outro lado do Atlântico encerraram em baixa, devido aos receios em torno de uma mudança de posicionamento do Banco do Japão.

O relatório de estabilidade financeira global do FMI aponta para um agravamento substancial dos riscos.
Brendan McDermid/Reuters
27 de Julho de 2023 às 22:00
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As bolsas norte-americanas fecharam em terreno negativo na sessão desta quinta-feira. Precisamente quando os operadores estavam a tentar respirar de forma mais aliviada, libertando-se da ansiedade provocada pelo receio de que as subidas dos juros diretores pela Reserva Federal trouxessem uma recessão – algo que está agora mais dissipado –, a especulação em torno de um possível ajuste na política monetária do Japão trouxe de novo volatilidade às bolsas.

 

O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 0,67%, para 35.282,72 pontos, depois de 13 sessões consecutivas a subir (naquela que foi a mais longa série de ganhos desde 1987).

 

Já o Standard & Poor’s 500 encerrou a recuar 0,64% para 4.537,41 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 0,55% para se fixar nos 14.050,11 pontos.

 

O Banco do Japão (BoJ) tem resistido à adoção de uma política monetária restritiva, optando pela manutenção de uma política acomodatícia – com os juros diretores em território negativo desde 2016, nos -0,1% – e preferindo intervir no mercado cambial e fixando o intervalo de variação das "yields" da dívida soberana a 10 anos.

 

Acontece que o banco central nipónico, que tem um novo governador desde abril – Kazuo Ueda –, pode vir a mudar o seu posicionamento. Em dezembro tinha já surpreendido os mercados, ao fazer mudanças na política de controlo da curva das "yields". Com a inflação no Japão a exceder a meta do banco central de 2%, os investidores começaram a vender as obrigações que detinham, a apostar num recuo dos megaestímulos monetários. Mas o Banco do Japão reagiu não com uma subida das taxas de juro, mas com um reforço da compra de dívida para conseguir manter os limites à "yield" das obrigações a 10 anos.

O intervalo admissível de flutuação das taxas de juro de longo prazo, que se situava em 0,25%, foi alargado para 0,5%, o que na prática acaba por ter reflexo nas taxas de juro aplicáveis aos empréstimos a particulares e ao setor privado.

 

Agora, está a crescer a especulação de que o BoJ irá ajustar o controlo da curva das "yields", permitindo que as rendibilidades da dívida de longo prazo possam superar o limite de 0,5% até determinado patamar.

 

Se o banco central nipónico passar a aceitar "yields" mais elevadas para as suas obrigações soberanas, os mercados rapidamente verão essa decisão como o início de um ciclo de aperto monetário – algo que já se esperava com o novo governador, que se considera ter uma postura mais "hawkish".

 

As pombas cederão assim lugar aos falcões? A convicção de que tal acontecerá no Japão tem vindo a crescer, o que levou a que o "barómetro do medo" – o índice de volatilidade (VIX) – de Wall Street disparasse hoje para o nível mais alto desde maio.

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